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segunda-feira, 30 de março de 2020

NA EXPECTATIVA


Didier Raoult é o diretor do Instituto Hospitalar Universitário (IHU) de Marselha e chefe da equipe que divulgou dados de uma pesquisa com 42 pacientes de covid-19 em que 75% deles, após seis dias de tratamento com a substância associada ao antibiótico azitromicina, livraram-se do vírus.

Com um passado de polêmicas, Raoult está no olho do furacão. Seu trabalho levou os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro a apostarem suas fichas de que a apostarem suas fichas de que a hidroxicloroquina pode ser a saída rápida e barata para combater a doença e acabar com a quarentena que paralisa a economia de seus países. Em 15 ou 20 dias o estudo de Raoul deve levá-lo ao prêmio Nobel ou ao ostracismo reservado aos que dão falsas esperanças às aflições humanas.

Estudo teve poucos pacientes.

O que detonou a polêmica na academia foi Raoult ter decidido publicar um estudo que, em condições normais, não seria aceito por nenhuma revista científica. Primeiro, pelo baixo número de pacientes envolvidos. Ele tinha 26 que receberam a hidroxicloroquina em Marselha e 16 no grupo de controle em duas outras cidades francesas – Nice e Avinhão.

Dos 26 pacientes que receberam a medicação, seis abandonaram a pesquisa. Um porque morreu; três porque foram entubados, outro por deixar o hospital e um por ter náuseas. Nenhum deles foi incluído no resultado final, pois a pesquisa pressupunha testar todos os dias os pacientes para medir a carga viral. 

Era 25 de fevereiro quando Raoult entrou em campo na luta contra a covid-19. 

Defendeu que a solução para a doença seria mais barata do que se imagina, com base no uso da hidroxicloroquina, uma molécula antiga usada contra a malária e o lúpus. Menos de um mês depois, seu trabalho estava publicado. Segundo o jornal Le Monde, no mesmo dia da publicação do artigo – 20 de março – Phillipe Ravaud, diretor do Centro de Pesquisas Epidemiológicas e Estatística Sorbonne Paris Cité, pediu ao colega os dados brutos da pesquisa, mas não os recebeu.

Dia 23, foi a vez da professora e infectologista Karine Lacombe, do departamento de doenças tropicais infecciosa do Hospital Saint-Antoine, em Paris, dizer que estava “enojada” com o que estava acontecendo. “Com base em um estudo absolutamente questionável do ponto de vista científico, expõem-se pessoas à falsa esperança de cura de uma doença que se sabe que, em 80% dos casos, ao cabo de alguns dias, não haverá mais vírus. O que está acontecendo em Marselha é absolutamente escandaloso”, afirmou à TV France 2.
Raoult deixa claro as inconsistências em seu trabalho. 

"Do ponto de vista ético, seria, portanto, justificável publicá-lo em razão da situação mundial.  “por razões éticas em razão de resultado tão significativo e evidentes” é que ele e seus pares decidiram publicá-lo para que fosse avaliado pelo comunidade médica, dado a urgente necessidade de achar uma droga efetiva contra o Sars-Cov-2. - Nosso estudo tem limitações.

Questionado sobre as reações dos colegas, Raoult foi seco. “Eu faço ciência, não política.” O pesquisador é próximo de políticos de direita e de extrema-direita.

Raoult possui trabalhos importantes publicados. Mas, em 2006, ele e sua equipe foram suspensos por um ano pela American Society for Microbiology, nas revistas editadas pela sociedade, por suspeita de fraude. O caso foi revelado pela revista Science, em 2012.

Um ano depois, Raoult resolveu se envolver em uma encrenca científica ao expor seu ceticismo sobre as mudanças climáticas. Disse então que as previsões sobre o aquecimento global eram absurdas. Também afirmou que o buraco na camada de ozônio estaria resfriando o globo.

Em 2018, publicou o livro La Vérité sur les vaccins (A Verdade Sobre as Vacinas) e voltou a causar polêmica. Na obra, ele critica a política de vacinação obrigatória da França. Diz ter pouca valia vacinar contra sarampo e poliomielite, pois a primeira é uma doença rara no país e outra, erradicada. Advoga, em vez disso, que o governo desenvolva vacinas para a gripe, a catapora e o rotavírus.

Na semana passada conseguiu que o ministro da Saúde, Olivier Véran, permitisse que a hidroxicloroquina fosse dada a pacientes de hospitais. E para conduzir os trabalhos científicos sobre a doença, nomeou uma comissão liderada por Françoise Barré-Sinoussi, Nobel de Medicina em 2008. Ao assumir, ela pediu “prudência” com a hidroxicloroquina.

Raoult, que era da comissão, afastou-se. Em artigo no Le Monde, denunciou conflitos de interesses entre cientistas e a indústria farmacêutica e criticou quem viu inconsistências em seu estudo: “Ninguém testa paraquedas dando a um grupo de controle sacos vazios para pular. Não se dá placebo a pacientes de uma doença que mata 30%.” 

Extraído do O Estado de São Paulo

Blog: Torcemos para que o Dr. Raoult ganhe o Prêmio Nobel.

Viver é Perigoso

Um comentário:

Anônimo disse...

Veja:
(1)
https://www.einstein.br/nucleo-inteligencia-einstein
(2)
https://brasilsemmedo.com/hidroxicloroquina-didier-raoult-confirma-eficacia-de-medicacao-em-novo-estudo
(3)
https://conexaopolitica.com.br/mundo/franca/epidemiologista-frances-afirma-que-1-291-pacientes-foram-tratados-no-instituto-frances-de-marselha-com-hidroxicloroquina-e-azitromicina/?idPost=51554
(4)
https://www.focus.jor.br/medico-frances-afirma-que-a-cloroquina-e-a-cura-do-covid-19/?fbclid=IwAR3sWJegcdCdmWmkLedf3RT7e6YhEl6zopjOd37d0KNLLQFEgVfgFKRgCi4
(5)
https://conexaopolitica.com.br/mundo/franca/melhora-em-todos-os-casos-de-administracao-da-hidroxicloroquina-e-azitromicina-do-grupo-de-estudos-do-epidemiologista-frances-didier-raoult/?fbclid=IwAR0MQocSQ_USPpcuYIEyge6BsGkuZgOEceYzeOn-N2LOYauLg-nay6xjaYA
(6)
https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46601-cloroquina-podera-ser-usada-em-casos-graves-do-coronavirus
(7)
https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/30/MS---0014167392---Nota-Informativa.pdf