"Amizade em Minas é um parto, depende antes da gestação e dos nove meses. É aposentadoria dos laços, não surge com o mero cumprimento
Não julgue, então, que ele é facinho. De modo nenhum, conseguir arrancar a gargalhada de um mineiro demora. Acontece na soma de muitos encontros.
Não me refiro a risadinhas ou sorrisos, mas à sonora gargalhada.
Já viu mineiro gargalhando na rua? Tão raro como encontrar um unicórnio.
A gargalhada é a coroa da parceria, quando você realmente alcançou a cumplicidade para sempre. Será adotado dali por diante como parte da família.
Na concepção mineira de vida, a alegria é destinada para os irmãos de fé, aqueles eleitos que partilham a mesa e as confissões. Não é para qualquer um.
Unicamente em Minas até a amizade não é feita sem esforço, magicamente no aperto das mãos. Resulta de um namoro de ideias e de completo estudo de personalidade. Não é como o Facebook ou o Instagram, onde os contatos são adicionados num clique.
Exige apresentações, visitas, botecos, longas conversas, apuradas observações para ver se você é mesmo confiável..."
Extraído Crônica do Fabrício Carpinejar
Viver é Perigoso