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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

BELO MONTE !


Um assunto sério que, certamente, será objeto de apresentação/discussão/aprendizado na nossa Unifei, uma vez que envolve engenharia mecânica e elétrica, meio ambiente e administração. 

Estamos diante de uma absurdo.

A hidrelétrica de Belo Monte acionou em novembro/2019 a sua última turbina para retirar energia das águas do rio Xingu, em Altamira, no Pará. 

Belo Monte chega ao acionamento integral de suas 18 máquinas de sua casa de força principal, além de outras seis turbinas menores, de barragem complementar.

O ato marcou a conclusão de uma das obras mais caras da história do Brasil, com valor aproximado de R$ 40 bilhões, a custos atuais, passados nove anos desde o seu leilão – quando o então presidente Lula fez a Eletrobrás montar um consórcio para apresentar uma proposta pelo projeto, sendo a única oferta que houve.

A Norte Energia é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), ou seja, uma empresa que tem como único objetivo construir e explorar a hidrelétrica de Belo Monte, pelo prazo de 35 anos. Seus sócios são a estatal Eletrobrás, que detém 49,98% da operação, os fundos de pensão Petros, da Petrobrás, e Funcef, da Caixa (com 20%, no total), e as empresas Neoenergia, Vale, Sinobras, Light, Cemig e JMalucelli.

O projeto que desde o início teve a sua viabilidade financeira questionada por causa da forte oscilação do nível de água do Rio Xingu.

A Norte Energia, dona da hidrelétrica, quer agora autorização para construir usinas térmicas – mais caras e poluentes – nos arredores da hidrelétrica, para complementar sua geração de energia.

A justificativa central da concessionária é que a sua barragem principal, estrutura que responde por mais de 98% da capacidade de geração – são 11 mil megawatts, contra apenas 233 MW da barragem complementar –, tem de ficar completamente desligada por um período de cerca de cinco meses, todos os anos, por causa da baixa vazão do Rio Xingu. A seca no Xingu se concentra nos meses de julho a novembro. Com pouca água correndo, as máquinas são desligadas, sob o risco de entrarem em pane. 
Não é por acaso que, apesar dos 11.233 MW de potência, Belo Monte entrega, efetivamente, uma média de 4.571 MW por ano.

Entre agosto e novembro deste ano, por exemplo, o volume total de água que passou pelo Xingu permitiu uma geração média de algo entre 276 e 568 MW apenas, quando a capacidade mínima de cada uma das 18 turbinas da casa de força principal de Belo Monte é de 611 MW. Ou seja, nesse período não foi possível ligar nenhuma máquina.

Não foi falta de informação, nem erro de cálculo. Construir Belo Monte foi uma decisão política, e que envolveu um esquema de corrupção de alto nível. O Rio Xingu nunca teve água suficiente para mexer todas as turbinas ali instaladas. Isso não é um dado novo, é um fato histórico do qual todos os engenheiros e gestores públicos tinham ciência.

E tem mais: 

A Norte Energia sustenta, em sua argumentação, que as duas linhas de transmissão de Belo Monte que saem do Pará e seguem para a Região Sudeste – obras que custaram mais de R$ 15 bilhões e que pertencem aos chineses da State Grid – ficam sub-utilizadas boa parte dos meses por causa da “enorme variação sazonal das vazões e da ausência de reservatório para a regularização”.

(Imprensa)

Viver é Perigoso

Um comentário:

Anônimo disse...

Obra cara que desprezou pareceres técnicos contrários. Só a linha da transmissão 12 bilhões! Quer dizer que estamos cada vez mais fazendo usinas mais longe dos grandes centros de consumo. Belo Monte, Sto. Antonio, Jirau, etc. Ao mesmo tempo a Aneel abriu consulta pública para taxar a energia fotovoltaica chamada de distribuída. Que é gerada nas casas, nas cidades, portanto próxima aos centros de consumo e usando a rede das distribuidoras já existentes. Vai entender um pais desse! Zelador você que é da área poderia comentar?