" As tias formam um patrimônio em Minas. Não aparecem apenas no nascimento e nas datas comemorativas. Não simbolizam peças decorativas, com presentes e lembranças esporádicas. Não têm uma função de coadjuvantes. Não estão no segundo escalão, como na maior parte das residências brasileiras.
Representam companhias para toda a vida, com a mesma importância de uma segunda mãe. Fortes, coerentes, destemidas, mulheres que não se deixam levar pelas facilidades.
Tias são madrastas emocionais, conselheiras constantes, anjos à paisana.
É uma missão levada a sério, com dedicação e acompanhamento em tempo integral dos sobrinhos. Ajudam decisivamente na formação, opinam na escolha da escola e da profissão, resolvem conflitos com os pais, amparam nos dilemas pessoais.
Sem a presença da tia, a família mineira não seria unida. É a cola da ternura, dando notícias dos primos e parentes mais distantes. Os galhos ficam mais próximos graças à doçura de suas preocupações.
Forram as nossas almas com frases escolhidas a dedo. Têm uma paciência que se banha na fé, acham que há solução para tudo, que não devemos jamais nos desesperar.
Se há alguma dúvida, recorremos à sabedoria delas. Escutamos o que elas pensam, aceitamos a sua orientação, desfrutando da experiência e do discernimento de quem já sofreu no passado para poder nos ensinar a sofrer menos.
As tias são o nosso telefonema de emergência, o nosso pedido de socorro, o nosso colo sagrado na hora do cansaço.
Amor de tia é pura gratidão, um sentimento desinteressado e voluntário de amadrinhamento. A única distinção é que o parto não é do ventre, mas do esforço do coração."
Fabrício Carpinejar
Viver é Perigoso
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