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domingo, 25 de agosto de 2019

MÚSICA NO AR


Impressionante a memória musical de certas pessoas.

Nesta semana, numa das raras ida ao quintal de casa, na Boa Vista, é claro, ouvi um assobio vindo de uma casa vizinha que se encontra em reformas. 

Imaginei que vinham do pedreiro que trabalhava na obra. Primeiro chegou aquele assobio próprio de pessoas de idade e executados naturalmente quando de um serviço manual.

Não era de música nenhuma. Triste, nostálgico,  porém afinado. Lembrei-me do meu avô Pio Gomes Ribeiro ( o nome Pio é uma coincidência com o texto). Marceneiro/carpinteiro, trabalhava horas pensando e conversando, imagino eu, assobiando. Uma melancolia só.

Após um breve silêncio, talvez mudando de ferramenta ou de posição, a sinfonia "assobiativa" voltou. Dessa  vez animada e organizada.

De cara entrou o samba "Madureira Chorou", do Joel de Almeida. Praticamente sem interrupção, ouvi "Atire a Primeira Pedra", do Ataulfo e Mario Lago. Da mesma forma, chegou "Lata Dágua na Cabeça", que eu não de quem. 

Sentado num degrau e esquecido da razão que lá me levou, fui curtindo em sequência marchinhas de carnaval e sambas tradicionais. Após umas doze músicas o som foi desligado. Possivelmente para o horário do almoço.

Para matar a curiosidade fui conhecer o dono do assovio. Um senhor tranquilo beirando os 70 anos de idade. Ainda lépido e faceiro.

Indagado sobre o seu gosto e a seleção musical ele disse:

Não sei o nome das músicas. Escuto sempre uma fita que ganhei do meu filho há muitos anos e decorei e assobio ela inteira, não sabendo quando passa de uma música para a outra. Para mim é uma música só.

É a vida...

Viver é Perigoso      

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