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sexta-feira, 26 de julho de 2019

O ESTRANHO


O certo é que nascemos na Boa Vista, é claro, quase no final dos anos quarenta. Sempre fiz ideia que ele chegou um pouco antes de mim.

Conheci os seus pais, com os quais conversei muitas vezes. Há muito tomaram o barco e deixaram saudade. Conheço e sempre me dei muito bem com as suas irmãs. De pouco se ver, mas amigas.

Na certa frequentamos na mesma época o Grupo Escolar Rafael Magalhães e o Colégio de Itajubá. Devemos nos ter esbarrados nos bailes no Diretório Acadêmico.

Imagino que, possivelmente, estivemos próximos apreciando empadinhas da Mandolesi e arroz doce do Café Hélio.

Por aí foram uns 70 anos. Sei que ele se formou, não sei em que, e já se aposentou. Continua circulando pela Boa Vista. Não sei se é casado e tem filhos. Apenas sei o seu nome.

O interessante: outro dia, cruzei com o personagem na Rua Dona Maria Carneiro (sim, lá mesmo) e fiquei a pensar.

Como pode um sujeito passar essa eternidade sem nunca lhe dirigir um cumprimento, um aceno, ou uma conversinha qualquer e até mesmo um olhar de supermercado ? Nunca ouvi o som de som voz, embora tenha visto em outras oportunidades, ele aparentemente conversando com outras pessoas.

Confesso, que até tentei, via olhar, me aproximar. Debalde. 

Pior de tudo é o sentimento que não perdi nada.

Viver é Perigoso  

Um comentário:

Anônimo disse...

Gente de mal com o mundo.observador da cena