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sábado, 1 de dezembro de 2018

CANTINHO DA SALA

Gerhard Richter - 1976.
Viver é Perigoso

ROTEIRO DE CINEMA


ÀS FAVAS COM OS ESCRÚPULOS - Marcelo Rubens Paiva

Vale a pena ler. Triste episódio da história nacional, que completará 50 anos nos próximos dias 13/14.

Tudo começou com o Ato Institucional Número 1 (AI-1), baixado pela Junta Militar em 9 de abril de 1964. Cem personalidades, entre militares, deputados, governadores, economistas, políticos, jornalistas, que trabalhavam para o governo deposto, foram presos, exilados e cassados.

O País teria eleições gerais em 1965. Castelo Branco prometeu cumprir o calendário. Sabia-se por uma pesquisa do Ibope não divulgada que Juscelino Kubitschek ganharia com folga. Baixaram o AI-2: mais cassações, partidos políticos extintos e intervenção no Judiciário. Em 1966, o AI-3: eleições para governadores, prefeitos das capitais, estâncias e cidades de segurança nacional canceladas. O AI-4 revogou a Constituição de 1946 e proclamou outra. Até o golpe final, o AI-5, que faz 50 anos.

Em setembro de 1968, um quebra-quebra na UnB entre polícia e estudantes sobrou para deputados da oposição, que foram ao Congresso denunciar. Em 2 de setembro, o deputado Márcio Moreira Alves, Marcito, perguntou se Exército era um “valhacouto de torturadores?”. Foi almoçar. Voltou e, em referência a Lisístrata, de Aristófanes, que assistira no Teatro Ruth Escobar, comédia grega em que mulheres de várias cidades, cansadas de perder maridos e filhos numa guerra de mais de 20 anos, organizaram uma greve de sexo, sugeriu que brasileiras que se relacionassem com militares as imitassem.

O repórter de Brasília Rubem Azevedo Lima achou inusitada a comparação e publicou nota na Folha de S. Paulo. Deputado carioca bon vivant abriu uma crise no governo. O ministro Gama e Filho pediu que o Congresso abrisse processo contra o deputado. Em 11 de dezembro de 1968, por 216 a 136, votou contra.

O governo fechou o Congresso, e deputados tiveram que atravessar um corredor polonês de soldados com baionetas. Marcito partiu para o exílio com a mulher. Às 3 da tarde de 12 de dezembro de 1968, presidente Costa e Silva, chamado de “molengão” pelo ministro do Interior, general da linha-dura Albuquerque Lima, chegou ao Palácio das Laranjeiras e convocou o Conselho de Segurança Nacional.

Na noite de quinta-feira do dia 12 de dezembro de 1968, escutou relatos do general Garrastazu Médici, do SNI: uma luta armada estava em andamento; um sem-número de assaltos a bancos foram comandados pela ALN, de Marighella; em junho a VPR lançou um carro-bomba contra o quartel-general do 2.º Exército; na Cobrasma, em Osasco, 10 mil trabalhadores cruzaram os braços; a morte do estudante secundarista Edson Luís num confronto com a polícia provocou a Passeata dos Cem Mil; comunistas promoveram quebra-quebra no comício do governador Abreu Sodré (SP); em Ibiúna 920 foram presos num congresso clandestino da UNE.

Então, listou casos de indisciplina na tropa: em setembro, sindicância apurou que o brigadeiro Burnier usaria o Para-Sar para atentados políticos; capitães reclamaram de salários baixos e lançaram manifesto em novembro. Médici quer a decretação do estado de sítio. Costa e Silva diz: “Poder é como salame, toda vez que você o usa bem, corta só uma fatia, se usa mal, corta duas, mas se não usa, cortam-se três, e, em qualquer caso, ele fica sempre menor”.

Souberam do editorial duro escrito por Julio de Mesquita Filho, Instituições em Frangalhos, que o Estadão rodaria na madrugada. Uma operação militar foi desligar as rotativas do jornal. No dia 13 de dezembro, o jornal é impedido de circular.

À noite, Costa e Silva viu em Laranjeiras um faroeste com ministros mais íntimos. Soube que o general, comandante da Vila Militar, João Dutra de Castilho, estava rebelado. Na madrugada e durante todo o dia 13 de dezembro, no bucólico palácio, foi concebida a ditadura na ditadura, o golpe no golpe.

Na manhã do dia 13, Gama e Silva revisou as cinco páginas do AI-5. Generais foram à tarde ao QG do ministro Lira Tavares. General Muricy, chefe do Estado Maior do Exército, achava que “precisavam começar tudo de novo”. General Muniz de Aragão: “Se o presidente está vacilante, que seja atropelado”. Decidiram que Orlando Geisel, chefe do Emfa, iria a Laranjeiras expor a situação.

Geisel chegou com comandante do Primeiro Exército, Syseno Sarmento. Costa e Silva não os recebeu, subiu para o primeiro andar e se trancou. Ficou ouvindo música, esperando o vice, Pedro Aleixo. Às 16h, desceram para a reunião no grande salão e leu o AI-5. “Ou a revolução continua ou se desagrega”, disse. Pedro Aleixo discordava do ato. O ministro do Exército Lyra Tavares falou da grande tensão no País. Magalhães Pinto, chanceler, falou que o direito do cidadão deveria ser resguardado. Delfim Neto, plenamente de acordo com o Ato, disse que não era suficiente e deveria se estender para a economia. Jarbas Passarinho chamou a reunião de histórica e disse a frase que a marcou: “Às favas todos os escrúpulos de consciência”.

O locutor da Agência Nacional, Alberto Curi, o leu na TV. Lacerda, JK, Sobral Pinto foram presos, 66 professores, como Caio Prado, FHC, Florestan Fernandes, foram expulsos das universidades, Marília Pêra foi trancada num mictório de quartel, Caetano e Gil foram presos em São Paulo, tiveram suas cabeças raspadas e foram expulsos do País. Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Raul Seixas, Geraldo Vandré, os diretores de teatro Augusto Boal e Zé Celso se exilaram. O Congresso Nacional ficou fechado até 21 de outubro de 1969.

Um homem só, o general, poderia intervir no Congresso, Assembleias, Câmaras de Vereadores, Poder Judiciário, Estados e municípios, suspender os direitos políticos de qualquer cidadão, cassar mandatos eletivos, decretar o confisco de bens e o estado de sítio. Instituiu censura e o fim do habeas corpus.

Escrevi essa sinopse de um longa há três anos, baseado em Elio Gaspari, claro, e muita pesquisa. Não saiu do papel. O Brasil não conta a sua história. Não fez um filme que retratasse a ditadura, digno do Oscar, como História Oficial, Segredo dos Seus Olhos, No, Missing, Estado de Sítio, Uma Noite de 12 Anos, entre outros. Não por outra, alguns a querem de volta. - Marcelo Rubens Paiva

Viver é Perigoso

NO MÉXICO, O CRIME COMPENSA


Tomando posse hoje a novo presidente do México. O esquerdista Andrés Manuel López Obrador, que mudou substancialmente duas importantes promessas de campanha.

Decepcionou os seus eleitores ao anunciar, depois de eleito, que perdoaria os corruptos do país para que se pudesse começar do zero.

Os escândalos de corrupção se acumulam, em um país onde 95% dos crimes ficam impunes.

Obrador também prometeu uma anistia para narcotraficantes.

Como disse Porfirio Díaz, ex-presidente do México, que dominou a política do País, de 1894 até 1911: 

"Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos."

Viver é Perigoso

PARA UM GRANDE AMIGO



Viver é Perigoso

AGORA A FESTA É NOSSA !

Jair Bolsonaro participa de formatura de sargentos da Aeronáutica em Guaratinguetá  

Viver é Perigoso

OUTROS TEMPOS


No final dos anos 90, foi divulgado nas colunas sobre economia dos grandes jornais, a intenção da empresa petrolífera americana, Pennzoil, de Houston (Texas) de produzir óleos lubrificantes para automóveis no Brasil, tendo como parceira no País, o grupo financeiro Brasilinvest, dirigido então, pelo empresário Mario Garnero. 

O projeto era de se construir uma grande unidade produtiva no Rio de Janeiro e outra de porte médio no interior do País.

Não sei como chegamos lá, mas numa manhã estavamos, o Prefeito Chico e eu, então Secretário de Ciência e Tecnologia de Itajubá, na sala do Sr. Mario Garnero, num grande prédio da Av. Faria Lima, em São Paulo.

A intenção era de colocar Itajubá dentre as cidades a serem estudadas para receber o investimento. A conversa esticou e, talvez com a agenda livre, prosseguiu sobre assuntos outros até a hora do almoço, entre um telefone e assinaturas de documentos feitas pelo empresário.

Lógico, que havíamos estudado muito sobre os outros interesses, inclusive familiares do Sr. Garnero.

Fomos convidados para almoçar. Talvez o Sr. Garnero tenha ficado surpreso com a nossa petulância.

Interessante: Mario Garnero, dedicou um bom tempo da conversa para falar de sua amizade e da vida do seu grande e amigo e parceiro em negócios, George H. W. Busch), ex- presidente dos EUA de 1989/1993, e um dos donos da Pennzoil.

Informações para lá e para cá, que não deram em nada, em termos de negócios.

Sinceramente ? Pensávamos um pouco alto demais naquela época.

George H. W. Busch, tomou o barco hoje, com 94 anos de idade. 

Viver é Perigoso




TENTATIVA DE FUGA

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