Espetáculo transmitido ao vivo para todo o território nacional. Dois dias com direito a exibição de todas as características dos homens. Alegria, foguetes, bandas de ritmos desafinados, confusos e tristes. Lágrimas, fingidas, sinceras, medrosas, oportunistas e secas.
Profetas na mídia que se contradizem. Solidariedade de muletas e risos embutidos. Ministros, candidatos escapando pelo ladrão, sindicalistas sem carteira assinada. Fumaça colorida, pancadaria e gritos de guerra usado em antigas batalhas.
Informações sobre possíveis negociações esdrúxulas. E o tempo passa.
Helicópteros sob a Cavalgada das Valquírias, carros oficiais em disparada, fotógrafos sacando câmaras como pistolas.
Jaqueta bolivariana, acenos demorados e multidão de papagaios de pirata.
Padres, pastores, mães e pais de santo, cover do Bob Dylan e intervenções diretas de Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e Recife. Maquiagens se desfazendo no ar, furos e barrigas.
Mensagens de solidariedade de ditadores denunciados e também cercados em seus palácios, aguardando a sua hora e vez.
Recursos para o ONU, para o Papa, palestinos, para opressores e oprimidos.
Missas e cultos de corpo presente, mesmo ausente. Lembrança de outros mortos heróis ou não. Chega prá lá para aparecer nas fotos e nos filmes.
Habeas Corpus dando como chuchu na cerca. Liminares, embargos e desespero.
Jatinhos, helicópteros, sala do estado maior, advogados contando altas somadas recebidas. Pichações, ameaças, valentões de microfone, intrigas, tubaína e mortadela.
Atônitos, os palhaços nos sofás puídos da sala começam a dar conta que foram surripiados em tenebrosas transações.
Aconteça o que acontecer, depois de amanhã é segunda-feira. É a vida...
Viver é Perigoso