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sábado, 6 de janeiro de 2018

MICKEY E A VASSOURA


Viver é Perigoso - 18/setembro/2016

Carlos Heitor Cony

É uma das histórias mais conhecidas do folclore universal, foi até filmada por Walt Disney, com Mickey Mouse no papel principal. Cansado de limpar a casa, apelou para um feiticeiro, que lhe providenciou uma vassoura mágica que arrumava tudo. Lamentavelmente, ele esqueceu a fórmula mágica que fazia a vassoura parar de trabalhar. Resultado: a vassoura não apenas limpou a casa, mas a destruiu, levando em seus destroços o aprendiz de feiticeiro.

A história não é tão fantástica assim: o caso de Lula é uma versão amplificada do mesmo drama. Achando que o país estava desarrumado e sujo, invocou o feiticeiro, que lhe deu a vassoura mágica para arrumar o Brasil. Teve inicial sucesso, mas não aprendeu a dominar a vassoura, criando um partido (PT) e seus derivados, como a CUT, a militância das ruas e outros apetrechos que julgava mágicos.

Sem saber ou sem querer imobilizar a vassoura que criou, está vendo agora a feitiçaria fazer os estragos que estamos sofrendo, com a corrupção desvairada e um Brasil mais sujo do que antes.

Ele próprio, não sabendo como deter a feitiçaria, está ameaçado de ser varrido, dividindo a prisão com os aprendizes mais importantes que o ajudaram. Não lhe adianta acusar as elites, o imperialismo e os golpes que alega estar sofrendo.

Na sua primeira investida rumo ao poder, era um líder respeitável e pobre. Levado pelo seu primeiro secretário de imprensa, o elegante Ricardo Kotscho, cheguei a comprar uma camisa do PT para ajudar a sua eleição. Apesar da minha modesta contribuição, ele não se elegeu (votei em Brizola) e deixou de vender camisas, inaugurando uma corrupção que não soube parar e que agora o atinge pessoalmente. A pobre e solitária camisa, que lhe comprei e nunca vesti, não pode concorrer com o mensalão, o petrolão e a Lava Jato.

Viver é Perigoso

ANIMADO

Viver é Perigoso

TOMOU O BARCO


O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony tomou o barco ontem, aos 91 anos, no Rio de Janeiro. Imortal da ABI, desde 2000, onde ocupava a cadeira 3. 

Publicou 17 romances, mas sua obra também se divide em contos, crônicas, ensaios e peças de teatro. A estreia na literatura aconteceu com “O Ventre”, de 1958, seguido de “A Verdade de Cada Dia” e “Tijolo de Segurança”. Também foi o autor de “Quase Memória”, que vendeu mais de 400 mil cópias, e “O Piano e a Orquestra”, obras que renderam a ele o Prêmio Jabuti.

Cony iniciou sua vida profissional como jornalista, função que nunca abandonou. Em 1952, entrou para o Jornal do Brasil e mais tarde foi redator do Correio da Manhã. Foi preso diversas vezes durante a ditadura militar e chegou a refugiar-se na Europa e em Cuba. 

Publicado no Blog em 30 de março de 2014 

"Sou e continuo a ser um pessimista em relação a todos os governos. O otimista é apenas um mal informado."

Carlos Heitor Cony

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CONTAGEM REGRESSIVA

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