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quarta-feira, 26 de julho de 2017

DARIZ ENTUPIDO


Do Ruy Castro, para a Folha de São Paulo:

Foi em março de 2016, mas todos se lembram. A então presidente Dilma Rousseff ligou para o ex-presidente Lula e avisou que o "Bessias ia levar-lhe o termo de posse de sua nomeação como ministro da Casa Civil, para que Lula o assinasse "em caso de necessidade" —no caso de, por algum motivo, a Polícia Federal bater-lhe à porta com as algemas. "Bessias" era Jorge Araújo Messias, subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil de Dilma. A congestão nasal da presidente rebatizou-o para sempre. Foi uma nota cômica num episódio grave.

Nos últimos dias, tivemos poucos motivos para rir diante do resfriado que assolou o país e nos impôs febres, tosses, rouquidão, dor de garganta, falta de ar e nariz escorrendo. As pessoas espirravam em uníssono. Eu próprio fui abatido pela gripe, assim como políticos, jogadores de futebol, locutores e até uma ou outra moça do tempo.

Uma repórter me telefonou para uma entrevista sobre qualquer coisa. Disse-lhe que não estava em condições, mas lhe telefonaria no domingo. "O senhor vai me telefonar do bingo?", ela se espantou. "Que bingo? Eu disse domingo", expliquei. Mas ela tinha razão em se confundir. Com o dariz, digo, o nariz entupido, eu dizia domingo e saía dobingo.

Imagino que, numa delação premiada, certas palavras incidam com mais frequência —mala, mimo, ministro, mixaria, muamba, mutreta, negócio. Se o delator estiver gripado e trocando os emes por bês e enes por dês, o que teremos? Bala, bibo, binistro, bixaria, buamba, butreta, begócio. Mas o pior seria dizer milhão, que soaria bilhão. Não que isso faça diferença para os delatores, acho.

Messias, ex-funcionário de Dilma, hoje trabalha para Michel Temer. É o representante da União em empresas com capital do Tesouro Nacional. Mas será sempre o "Bessias". Para os amigos, "Bê".

Ruy Castro

Viver é Perigoso

É A VIDA...

Encontrado hoje, é claro, na Boa Vista,  lamentavelmente, em estado pós vida, o gato conhecido nas redondezas, há séculos, como Stalin.
Na certa foi daí que surgiu a história que o dissimulado animal teria sete vidas. Dizem os mais antigos que o felino pertenceu ao Sr. Felipe Pizzuto e foi tratado a lambarizinhos frescos (do rabo vermelho) capturados no manso Rio Sapucaí dos anos 50.
Não foi surpresa o desenlace acontecido com o Stalin. Vivia na marginalidade e corriam rumores de sua parceria e cumplicidade com ratos e gambás, existentes em razoável número na região.
Sua fama só era superada pelo gato Maneta (apelido ganho quando perdeu uma das patas num atropelamento por uma moto Indian), que vivia, vive ou viveu, pelas proximidades da Churrascaria do Sr. Marcos Grillo, na boca da ponte Tancredo Neves. 
Maneta ficou conhecido por empregar um artifício químico até hoje não explicado. 
Quando lhe ofereciam uma vasilha contendo café com leite, ele tomava só o leite, deixando o café no fundo da vasilha. Pegou fama.
Em tempo e sobre o Stalin, o desaparecido respondia a diversos processos por assassinatos de passarinhos. O último deles foi o canário belga Soriano, de saudosa memória.
Antes que algum aventureiro possa pensar mal, o autor do texto estava de viagem quando do passamento do bichano.
Sugestão para a sua lápide (provérbio turco) : 
" Os cães pensam que as pessoas são Deus. Os gatos têm a certeza que não."

Viver é Perigoso    

DOU-LHE UMA, DOU-LHE DUAS !

Viver é Perigoso