Itajubá, 25 de fevereiro de 2017
Zezinho,
Permita-me , como retribuição aos votos de sucesso na minha nova empreitada, trazer-lhe uma pequena exortação com o pretensioso e desnecessário propósito de dar-lhe alento e permanente ânimo na linha questionadora de seu blog .
Sei que não escreve por você , pela vaidade de tornar-se visível e presente . Você já está completo e repleto de muitas graças. Seu lar exala alegria.
Peço-lhe que continue, incisivamente , partilhando seus fatos, estórias e ponderações , no que há muito tem sido o melhor canal de informação em nossa cidade.
Continue escrevendo, dando voz aos que não têm alguma :
À vizinha humilde sofrida com o desemprego que assolou sua família,
Ao andarilho desconsolado com a falta de medicamentos nos postos da prefeitura,
Ao doente em espera excessiva para a realização de seus exames ,
Ao pequeno empresário angustiado com os percalços do dia a dia.
À criança da escola pública , agraciada com meio lápis e um quarto de borracha,
Aos que ainda passam fome e se angustiam com a enorme incerteza de suas vidas,
Precisamos mudar a realidade política de nosso país, que começa em nossa cidade, com a intenção de mudarmos as condições de vida de muitos, daí necessitarmos de vozes questionadoras . Não pare. Não se aquiete .
Você sabe da responsabilidade que têm os conferidos com o poder , com o conhecimento e com a fortuna. O mau uso destes presentes ou a indiferença , sufoca e aumenta o sofrimento dos desfavorecidos. Você tem a graça do conhecimento e lugar de lamparina é no candelabro e não sob o móvel , para que seja vista – Lc 8:16
Escreva pelos de vozes baixinhas, sofridas, sábias mas desprovidas de expressividade.
Tem sido muito duro ver tantos, tão presenteados pela vida, quietos , indiferentes a dor dos outros. Foram ensinados a acumular , não entenderão tão cedo o dever de espalhar . Duvido muito que compreendam o texto abaixo de Will “story” Rivera :
“ Nada na natureza vive para si mesmo. Os rios não bebem suas próprias águas. As árvores não se alimentam de suas próprias frutas. O sol não brilha para si mesmo. O perfume das flor não é para ela própria. Viver para os outros é a lei da natureza.”
Repito-lhe a pergunta já feita : Onde estão os soldados desta cidade , Zezinho?
Respondo : guardados em seus mineiros silêncios . Só levantarão as cabeças dos buracos , definido o resultado do jogo e sairão , vergonhosamente alegres. Têm boa índole, só não querem lutar.
Um grande abraço,
Remy
Blog: Caro Remy, grato pela visita que não entendemos como de despedida. Apenas um até logo.
Um abraço
Viver é Perigoso