Não tem como não aceitar a resposta do Sr. FHC ao questionamento feito pelo jornal El País.
Muitas pessoas falam de que esta é a pior crise política que o Brasil já viveu. O senhor concorda?
Houve muitas crises sérias: o suicídio de Getúlio Vargas, o Governo de João Goulart, o golpe militar, a campanha pelas Diretas já. Não são novidade essas trepidações na nossa vida política.
Qual é a grande diferença?
No passado você tinha o outro lado organizado para substituir. Agora não tem.
Não se sente que exista um outro lado com um projeto claro e que a população diga: ‘é por aqui que eu vou’. A população está desconfiando de tudo e todos, está afastada, não estão acreditando em nenhum lado. É uma situação de crise grave.
Segundo lugar: o que houve de fragmentação dos partidos é inédito, nós temos quase 30 partidos no Congresso. Isso não é possível, não existe isso em nenhum lugar. Está difícil a situação.
De fato, eu nunca vi uma crise assim, tão sem se perceber para onde é que vamos. Mas agora as instituições melhoraram. Você no passado sempre estava pensando quem era o general. Agora você não sabe o nome de nenhum general, mas sabe o nome de todos os ministros do STF. Nem tudo foi perda.
E há outra questão que os políticos não dão muita importância: aqui não tem que ter só a mudança das instituições, da economia... mas da cultura, a nossa cultura não igualitária, não democrática, de privilégios.
E isso custa muito mudar
Fernando Henrique Cardoso - El País
Viver é Perigoso
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