Deu na BBC
Um estudo realizado na London School of Economics (LSE) - uma das mais renomadas universidades do Reino Unido - contesta o argumento de que empresários são melhores administradores públicos. Pesquisadores da universidade londrina resolveram averiguar empiricamente se a experiência na direção de empresas se revertia em boas gestões públicas.
Muita gente se perguntou se um empresário estaria apto a ser um político melhor. Fomos tentar responder a essa pergunta", diz Eduardo Mello, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas que concluiu este ano o doutorado na LSE.
A pesquisa, ainda em andamento, foca em prefeitos de cidades brasileiras, segundo os autores, por causa do fácil acesso a dados que permitissem comparações adequadas.
Os primeiros achados do estudo indicam que prefeitos que se declararam empresários, comerciantes, vendedores e os que têm quotas ou participam da administração de empresas não são nem mais nem menos eficientes que seus colegas que vieram de outras áreas. "Empresários não produzem indicadores melhores. A princípio, se comportam como todos os políticos."
Os pesquisadores analisaram dados de candidatos eleitos prefeitos em cinco eleições, entre 2000 e 2016. Assim, selecionaram cerca de 200 a 300 municípios por eleição. Em nenhum dos cruzamentos, contudo, foram identificados sinais de que empresários no comando de prefeituras melhoraram as contas públicas.
O Professor Eduardo Mello disse à BBC Brasil ter se surpreendido com os resultados, pois acreditava que a experiência pregressa em administração poderia fazer uma diferença.
"É uma premissa na qual os eleitores acreditam tanto", afirmou o pesquisador. "Mas parece que é um mito. Precisamos repensar quais são as habilidades que formam um bom prefeito."
Comentando a pesquisa, o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda observa que a aposta eleitoral em um candidato que não se parece com um político tradicional é um fenômeno mundial que normalmente surge como resposta à uma crise política ou de representatividade.
"Toda vez que há uma crise política, é comum a busca por alternativas. Empresários e técnicos são beneficiados com esse discurso de não ser político e de saber administrar. Há ainda a crença, no imaginário do eleitor, de que um empresário rico não roubaria os cofres públicos porque já fez fortuna no mundo dos negócios."
Eduardo Mello, o coautor do estudo da LSE que avalia o desempenho de empresários no Executivo municipal, salienta que "o Estado não é uma empresa". O objetivo do Estado não é gerar lucro. Não tem clientes, mas precisa cuidar de cidadãos. E negociar com o Legislativo não é o mesmo que tratar com fornecedores".
Viver é Perigoso
Viver é Perigoso
2 comentários:
As grandes diferenças são que nas empresas podemos trocar os fornecedores e até clientes, sem dar muita explicação...
Já trocar cidadãos, funcionários públicos...
Colega Turma 87
Colega Turma 87,
Assunto complicado.
Zelador
Postar um comentário