Um dos maiores colunistas que já existiu neste País, Zózimo Barroso do Amaral, inventou, na década de 70, a brincadeira do "hein ?", no Jornal do Brasil.
Era um truque para fechar a coluna. Outros redatores precisariam de um editorial inteiro para dizer o mesmo que aquele "hein?".
Era um truque para fechar a coluna. Outros redatores precisariam de um editorial inteiro para dizer o mesmo que aquele "hein?".
O "hein?" tinha som de cutucada no braço do interlocutor para desfrutar a intimidade e anunciava uma boa história. O "hein?" virou um clássico e tornou-se uma marca.
O "hein?" é coloquial, reproduz a sonoridade das ruas cariocas e o jeito à vontade que Zózimo gostava de imprimir. O "hein?" desmonta a pretensão de seriedade, dessacraliza a cena, e Zózimo tinha horror a essas pompas, fossem no texto, fossem nas figuras humanas. O "hein?" da sinal de molecagem, de fofoca, de início de gargalhada.
Quando Zózimo foi para o jornal "O Globo" em 1993, cortaram-lhe o barato. A palavra "hein?" foi transformada em "hem?". Segundo os revisores do jornal, doutos na proteção da língua, havia uma regra a se levar em consideração para as palavras terminadas em "n". Elas precisavam de acento, como pólen, glúten, hímen. E lógico, "héin ?" não pegaria bem. Prevaleceu o "hem?".
(explicações do Joaquim Ferreira dos Santos - no livro "Enquanto houver champanhe, há esperanças" - Biografia do Zózimo ).
Viver é Perigoso
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