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domingo, 19 de fevereiro de 2017

COISAS DE PEQUENAS TERRAS

"Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso".

Mia Couto

Impossível não conhecer muita gente. O tempo vivido leva a isso. Difícil não conhecer e compartilhar das alegrias. Um neto formou-se, outro passou no vestibular, os resultados dos exames deram bons, um apartamento bonito, um carro novo, poucas e normais perdas pessoais.
Complicado compartilhar e repartir as perdas antecipadas, familiares em busca de emprego, jovens com problemas dos novos tempos e dificuldade com a saúde. Todos conhecem alguém enfrentando intempéries na vida. Alguns, até bem agasalhados e outros nem tanto.
Temos uma amiga especial que trata de as dificuldades, conhecidas e vividas, de uma maneira especial. Longe de alienar-se e longe de desesperar-se.
Conversamos ontem.
A conversa flui como um passarinho saltando sobre os galhos de uma árvore frondosa. Uma citação bonita, um fato superado, um verso, uma música marcante, flores, luares e conquistas alcançadas por pessoas conhecidas.
Zero de críticas e observações negativas sobre gente. Críticas firmes sobre a política e economia. Ponto de vista abrangente e com conhecimento.
Olhos curiosos, face marcada por separações, quase que definitivas definitivas. Tal qual um passarinho mudando de posição, a conversa passa sem intervalos de comerciais e suspiros, das ruas de Paris, para o calçadão de Itajubá. Do Bolero de Ravel para um verso de Lupiscínio Rodrigues. De uma latinha de Skol gelada, para um vinho de bom ano.
De um novo tratamento experimental para o mal de Alzheimer, para a delícia da nova linguiça de de carne de porco com bacon produzida no Supermercado do Alvorada. Do conservadorismo do Trump aos novos ventos que renovam as esperanças com a presença de novo participante na política local.
Lembranças, muitas lembranças, doces lembranças. Fugidias lágrimas de saudade.
Novos projetos, ânsias por novos conhecimentos e segurança no depois.
Afinal, vivemos no mesmo lugar, por necessidade profissional, voluntariamente nos exilamos por longo período de tempo. Voltamos para a terrinha.
Conversas até o passarinho voar. E a gente volta para a casa um pouco mais rico.

É a vida... 

Viver é Perigoso    

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