Minha gente. Nunca antes na história deste país alguém foi tão atacado quanto eu. Esperei que a mídia paga e a desacorçoada oposição cansassem de bater.
Dando satisfação somente para o povo brasileiro calarei a boca de todos aqueles que tentaram me injuriar com essa besteira de sítio em Atibaia.
Terminando os meus dias no governo, no qual eu e meus companheiros levamos os brasileiros ao paraíso, obrigatoriamente, tinha que me mudar do Palácio.
Voltaremos para o nosso cantinho de São Bernardo, combinei com a Marisa.
A coisa encrencou quando fui combinar com o caminhoneiro o frete da mudança. O desgraçado, querendo aproveitar, pediu 10 paus para levar as tralhas de Brasília para São Bernardo, sob o argumento que atravessar o trânsito de São Paulo e a Serra de Mairiporã, encareceriam o carreto.
Perguntei-lhe : e sem os dois obstáculos, por exemplo, até Atibaia ? De pronto ele retrucou: - 6 paus.
Por que Atibaia, assustou-se a Marisa.
Benzinho, disse eu, o Bitarzinho, amigo dos meninos, tem por lá uma chacrinha que insiste em me passar nos cobres. Podemos deixar a mudança lá enquanto vamos apurando um dinheirinho e compro as terrinhas para descansarmos vez por outra. E claro, economizamos 4 paus no frete.
Foi o que aconteceu.
Já em São Bernardo comecei as negociações com o Bitarzinho para comprar o sítio. Como não sou trouxa nem nada, antes de fechar o negócio, fui algumas vezes com a Marisa, espiar e conhecer a propriedade. Confesso que sou inseguro na compra de bens, razão pela qual, estivemos lá 111 vezes para conhecer bem. Estamos quase fechando o negócio.
Nesse meio tempo, num domingo de manhã, na saída das missa das nove na Catedral da Sé, que não perdemos por nada, encontrei, assim de passagem, com dois amigos bastante religiosos. O Léo e o Marcelo, que mexem com construções e negócios assim.
- Oi Lula, está sumido desde que saiu do governo. Precisamos nos encontrar um final de semana desses para uma cervejinha, falar do Corinthians e dos meninos. De política sabemos que você não gosta mais de falar.
- Claro Léo. Estou ajeitando um sitiozinho em Atibaia e quando fechar o negócio aviso vocês, dou o endereço e a gente põe o papo em dia. Feito, responderam os amigos.
O Léo e o Marcelo seguiram conversando com meus filhos e amigos que vinham logo atrás. Amenidades, com toda a certeza.
Tempos depois o Lulinha comentou que os empresários tinham me achado muito triste. O Lulinha e o Bitarzinho teriam dito a eles que eu andava muito preocupado com o negócio do sítio de Atibaia. Disseram que eu já teria recursos para fazer uma proposta, mas a propriedade exigiria umas boas reformas, tais como um laguinho para pescar, uma hortinha climatizada para a patroa, um campinho de futebol, uma cozinha dessas modernas e mais umas cinco suitizinhas para acomodar a turma.
Na segunda-feira seguinte ao domingo do encontro, o meu amigo Bumlai me telefonou dizendo que o o Léo e o Marcelo iriam providenciar um reforminha no sítio do Bitarzinho. Que eu não precisava ficar melindrado com o agrado e ninguém encheria o saco pois o imóvel não me pertencia. E mais, tinham combinado com o Bitarzinho para não atualizar o preço face as benfeitorias.
Fizeram tudo e nem tomei conhecimento.
Agora no final do ano, com o 13º nas mãos e ia fechar o negócio, aparece esse escândalo danado na mídia paga.
Nem sei se exerço mais o meu direito na compra do imóvel.
Vocês querem me mostrar onde está o erro ?
Viver é Perigoso