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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

SÓ BLUES

MOÇA BONITA

Kim Novak

DIA DOS AMIGOS

Perdão meus amigos, mas concordei com o jornalista Juan Arias, do El Pais, que apresentou no artigo (resumido) uma fotografia nossa.

"A tensão política, no amanhecer de 2016, se aprofunda na cúpula e esfria na rua, de acordo com algumas pesquisas de opinião. Os indignados com o Governo começam a encolher, enquanto seus defensores anunciam sua saída às ruas.
A gravidade da crise que o Brasil atravessa é manifesta e está sendo apontada pela imprensa internacional; os escândalos de corrupção aumentam em número e gravidade a cada dia, enquanto os indignados diminuem.
Por quê? Cansaço ou desencanto com a imobilidade dos responsáveis por tirar o país do atoleiro? Paralisia da oposição que parece dormir tranquila, alheia ao terremoto em andamento?
Talvez, mas também pelo fato de ainda existir incrustada na sociedade uma exagerada reverência com os poderes políticos, econômicos e até religiosos.
Isso não é dito pelo jornalista. Aparece na consciência de brasileiros de várias classes sociais que confirmam essa dificuldade de criticar a autoridade com a qual preferem compadrar.
Apesar da falta de credibilidade oferecida hoje pelos políticos e seus partidos, o Brasil é um país com uma democracia mais acostumada a queimar incenso aos pés do poder do que exigir satisfações deles.
É tal a dificuldade de confrontar e vigiar as autoridades que até os jornais que exercem sua função cívica e social de ser a consciência crítica do poder são considerados oposição. Os jornalistas existem, no entanto, para serem porta-vozes da sociedade, não do poder. Para trazer à luz o que os poderosos tentam esconder.
Em qualquer democracia desenvolvida, os estudantes universitários costumam ser, por exemplo, uma das vozes mais críticas ao Governo.
Em Brasília se viu, no entanto, como algo normal que a jovem presidenta da União Nacional dos Estudantes, Carmen Vitral, beijasse as mãos da presidenta Dilma Rousseff em sinal de homenagem.
Que os jovens, pouco importando suas tendências políticas, saiam às ruas para aplaudir ou defender o Governo costuma geralmente ocorrer apenas em ditaduras.
Se o jovem é conformista com 20 anos, como será aos 60?
Estamos constatando isso com muitos velhos militantes de esquerda que lutaram contra a ditadura na juventude e hoje balançam no conservadorismo e na corrupção.
Se os jovens pecam por algo, deveria ser pelo ardor libertário e irreverente com os poderes, dos quais nunca recebem o que lhes faria justiça.
Mariana, universitária paulista que me confirmou a existência desse pecado de reverência exagerada ao poder que, disse, “os brasileiros tem no sangue”, é de uma família humilde que teve de trabalhar duro para conseguir ir para frente. Segundo ela, o Brasil é um país “que foi construído pelas vítimas” e não por pessoas que decidiram vir livremente para construí-lo juntas, como aconteceu em outras partes do mundo.
Os colonizadores europeus, em sua grande maioria, foram enviados à força ou chegavam à procura de pura aventura, vítimas e párias que eram em seus países de origem.
Depois vieram os milhões de africanos que serviram como escravos de mão de obra bruta e servil. Acabaram abandonados à própria sorte.
Todas essas vítimas criaram, segundo ela, uma mentalidade que implica reverenciar o poderoso, para ser menos castigado e humilhado, ou para obter alguma vantagem para as suas vidas difíceis e sem direitos.
“Hoje eu estou consciente de que precisamos nos libertar dessa necessidade de agradar o poder em vez de ser sua consciência crítica, mas não é fácil quando seus antepassados cresceram sob essa cultura do medo dos poderosos ou do ‘jeitinho’ (flexibilidade sem acatar muitas normas ou leis) para arrancar algumas vantagens, lícitas ou não”, explicou a jovem Mariana.
Em sua coluna no jornal O Globo, Márcio Tavares DÁmaral escreveu há poucos dias: No nosso passado sempre houve quem nos dissesse que horas são”.
Permito-me tomar sua frase feliz para aplicá-la, embora em outro sentido, para indicar por que no Brasil ainda existe tanta reverência com os poderosos. Talvez porque as pessoas se acostumaram desde o início a que fossem eles que decidissem que hora marcava o relógio.
Terá chegado o momento em que o Brasil, em busca da modernidade, decida indicar a hora em que deseja viver uma democracia adulta, sem medo de expressar suas críticas e descontentamentos?
Se deixarmos o poder sem vigilância, ele continuará a nos impor a hora do seu relógio, mesmo à custa de sequestrar os nossos.
Pelo menos não nos coloquemos tão facilmente aos seus pés.
Seria o suicídio da democracia.
Juan Arias - El País

Viver é Perigoso

ETERNO CARNAVAL


LIVRO, PRESENTE DE AMIGO


Ler a saga de quatro gerações de uma família é uma das maneiras mais interessantes para compreender os costumes, a política e os negócios do período. 
Muito bom de ler o livro "OS GUINLE" - A história de uma dinastia - Clóvis Bulcão - Editora Intrínseca.
São conhecidos hoje, mais pelo playboy Jorginho Guinle (que já tomou o barco) e pelo Hotel Copacabana Palace, que já não pertence mais à família.
Teve início com os gaúchos, Eduardo Palassian Guinle e seu sócio Cândido Gaffrée, indo para o Rio de Janeiro. .
Começaram a vida com uma loja no centro da cidade. Empreendedores e hábeis em lidar com o poder (o Rio de Janeiro era a capital federal), durante longo tempo foram os homens mais ricos do país.
Conseguiram a concessão do Porto de Santos por 92 anos. Praticamente, levantaram o Fluminense, construiram o Jockey Club, o Hospital Gaffrée-Guinle, desenvolveram Teresópolis (eram donos da Granja Comary) e Nova Friburgo. Guilherme Guinle foi responsável pela exploração do primeiro poço de petróleo do Brasil.
Receberam em suas mansões (o Palácio Laranjeiras era uma delas), reis, líderes mundiais, músicos e estelas de Hollywood.
Perderam quase tudo. Mas viveram.
Vale a pena ler.

Viver é Perigoso