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terça-feira, 11 de outubro de 2016

PESADELO


Encontrei um amigo no almoço da super-terça na Massas Meazzini, na Boa Vista, é claro. Explicando a razão da super-terça: é dia de costelinha de porco na panela, angu com molho, farofa de ovos, mandioca frita, arroz com feijão e uma saladinha light para aliviar a consciência. Ah! tudo sem a famigerada balança (só usada no final de semana). Detesto ter que pesar a refeição. 
O camarada me pareceu abatido e perguntei-lhe se estava tudo bem.

- Cara, não dormi direito. Fiquei assistindo a votação da PEC dos gastos públicos. Dormi com a televisão ligada e fui acometido por um terrível pesadelo.
Ufa! sonhei que estava casado com uma deputada da oposição. A minha esposa, no pesadelo, esgoelava por qualquer coisa, mantinha sempre os olhos rútilos, me encarava com as narinas dilatadas, apontava-me os dedos longos das esbranquiçadas e engruvinhadas mãos magras. Mãos tomadas por trilhas azuladas e com compridas unhas pintadas de um tétrico vermelho. Aquilo, quase perdia o fôlego ao dirigir-me os gritos descontrolados. Sons que lembravam vidros sendo quebrados, giz passando pelo quadro-negro e taquara rachada. Antes de soltar a voz, fitava-me com os olhos esbugalhados e ao buscar forças, sei lá de onde, para falar, emitia um ruído vindo das profundeza, rouco e amedrontador. Pior: era feia para dedéu. Berrava repetindo sempre as mesmas palavras. Ando temeroso de voltar a ter o mesmo pesadelo. Não sei se suportaria.

- Camarada, vou te dar um conselho. Quer um sono tranquilo ? assista filmes de desastres, de zumbis, crimes bárbaros, etc. Não assista sessões da Câmara e do Congresso antes de dormir. 

É a vida...

Em tempo: Conheço uma oposicionista doce, dos olhos claros, loira e inteligente. E com sobrenome alemão.

Viver é Perigoso

  

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