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quarta-feira, 11 de maio de 2016

RECORDAR É VIVER

Entrevista publicada no "viver é perigoso" no dia 9/abril/2010, sexta-feira. Concedida pelo filósofo José Tipica para o Clarin da Boa Vista.

Por que o Sr. é contra a candidata Dilma ? 

- Eu não sou contra. Eu não sou é a favor. Sinto a Dilma na posição de uma funcionária de confiança do Lula, que caiu nas graças do chefe por sua lealdade e por preencher o que lhe falta: capacidade de realizar tarefas, prazer em cobrar os subordinados e por ter participado da luta armada, coisas ausentes da sua biografia e que lhe incomodam muito.

Então o Sr. julga que ela não teria preparo para o cargo ?

- Para o cargo de Presidente não. Um Presidente fraco politicamente, como é o caso do Lula, embora não pareça ser, para se manter no poder, tem que vender a alma para políticos profissionais inescrupulosos. Desde o mensalão do PT, o Lula é refém do PMDB. São evidentes as barganhas. Ele (seu partido e seu poder) livrou a cara do Renan, Sarney e outros, que por sua vez lhe proporcionam um manto de proteção. Temos que ter na Presidência um político forte, um estadista, que tenha capacidade para montar equipes competentes de trabalho, e prepare o Pais para receber as reformas tão necessárias, como política, tributária, e outras. A presença política negocial da Dilma me parece que seria zero. Talvez nem o seu Partido (ela é nova lá) lhe proporcionasse apoio integral.

A candidatura da Dilma não é consenso de um grupo político ?

- De forma alguma. Essa questão jamais foi discutida. O seu próprio Partido tomou conhecimento da indicação pelos jornais. É uma posição pessoal do Lula, que em cima da sua popularidade lançou-a, em princípio como simples balão de ensaio, e como as pesquisas foram alentadoras ele seguiu em frente. Penso que se não fosse denunciado o mensalão, o candidato seria o José Dirceu. Posteriormente pensou-se no Palocci. Se não fosse o escândalo da turma de Ribeirão Preto ele seria o primeiro da lista. Durante certo período devem ter pensado no próprio Ciro Gomes, descartado por ser destrambelhado verbal e pela subida da Dilma nas pesquisas.

O passado da Dilma na luta armada a favorece ou a prejudica ?

- O pessoal de marketing tentará posiciona-la como uma lutadora pela liberdade e detentora de extrema coragem. A realidade foi outra. Sua origem é de classe alta e envolvida pelo namorado e vida estudantil enveredou-se pela esquerda. Não lutou pela liberdade, mas sim pelo poder pelas armas. Queriam trocar uma ditadura por outra pior. Quanto a coragem... Quase todos têm. Uns um pouco mais. Sob tortura todos falam, como ela falou. Isso é passado, mas os ideais e sonhos permanecem nos corações e mentes. Não existe espaço para radicalismo de direita e nem de esquerda no Brasil.

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