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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

MOMENTOS MÁGICOS

SOB A LUZ DE VELAS



Francamente falando, o recado chegou e surtiu efeito almejado. 

John Chair

MOÇA BONITA


SIMPLES ?


POSITIVISMO


Li recentemente um livro interessante. "A história do Brasil nas ruas de Paris" - Mauricio Torres Assumpção - Editora Casa da Palavra. Cobre duzentos anos de história, revelando a saga dos brasileiros que deixaram o seu legado na cidade de Paris. Fala de D. Pedro I, D.Pedro II, Alberto Santos Dumont, Heitor Villa-Lobos, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Muito bom de ler.
Como a assunto está em evidência na terrinha, onde muito se fala e escreve sobre positivismo, o livro traz um capítulo especial sobre o assunto.
Como sempre, está liberado e estimulado discutir a questão, a filosofia e não as pessoas defensoras ou contrárias as ideias. Como sempre.
Se você está em Paris, a cidade mais bonita do mundo, não tem como não dar uma volta pelas ruas do Marais. Bairro famoso pela boemia e galerias de arte. Não se assuste ao deparar com uma bandeira brasileira hasteada num prédio da rue Payenne, 7.
Sobre a sacada antiga, uma placa de bronze com a frase "L Ámour pour principe et l´Orde pour base; le Progrèss pour but" - O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim".
O lema que inspirou  o "Ordem é Progresso" da bandeira brasileira. (escreveu o grande publicitário Carlito Maia, que os militares retiraram a citação do "amor". Acharam que era muita frescura". 
Na porta do prédio, uma placa: "Chapelle de l´Humanité " - Capela da Humanidade.
Tudo começou com o pensador francês chamado "Auguste Comte", professor de matemática que exibia uma cultura enciclopédica. Ateu e ultrapragmático, Comte não podia ouvir falar em Deus, religião ou qualquer assunto transcedental ou metafísico. No início de 1830, Comte lançava um sistema filosófico baseado na reorganização das ciências: a filosofia positivista. 
Segundo a sua filosofia o ser humano e a humanidade passavam por três estágios do conhecimento: o teológico, o metafísico e o positivo (o homem abandonaria questões especulativas para concentrar-se naquilo que fosse positivamente comprovado através da observação e da experiência). Desse projeto nasceria a sociologia. A discussão é longa.
A filosofia positivista encontrou terreno fértil no Brasil. Pregava uma ditadura republicana. Mulheres votando ? nem pensar. O lugar delas era dentro de casa.
Aos 46 anos, Comte, conheceu Clotilde de Vaux, dezessete anos mais nova e que fora abandonada pelo marido. Apaixonou-se. Não se casaram, uma vez que não havia divórcio na França.
A inteligencia e sensibilidade de Clotilde a levariam a transformá-la na musa inspiradora das suas ideias religiosas.
A moça morreu aos 31 anos de tuberculose. Começava ganhar corpo a religião do positivismo, "A Religião da Humanidade". 
A religião era baseada na razão, no amor e no altruísmo (palavra inventada por Comte). A união do razão e do amor, da ciência e da religião, se consolidaria  pela adoração não a um Deus supremo, mas aos mortos. "A humanidade compõe-se mais de mortos que de vivos. A bela Clotilde ganhava o papel de virgem mãe no altar da Religião da Humanidade.
Comte lançou o calendário positivista, que zerava o calendário gregoriano, recomeçando a contagem do tempo a partir da Revolução Francesa, ano 1 da religião positivista. Nos seus treze meses de 28 dias, homenageava: Moisés, Homero, Aristóteles, Arquimedes, César, São Paulo, Carlos Magno, Dante, Gutemberg, Shakespeare, Descartes, Frederico II e Bichat.
Que dia é hoje? 04 de Descartes de...
Em princípio, a religião apresentava uma liturgia composta por nove sacramentos. Do batizado da criança até a incorporação final à humanidade, sete anos após a morte, caso o candidato merecesse.
Comte, morreu em 1857. (passei certa vez pelo seu túmulo no cemitério Père Lachaise, em Paris - Clotilde de Vaux, também descansa lá.)
No Brasil, o positivismo está vivo até hoje.
Entre os brasileiros positivistas célebres estão: Benjamin Constant, Miguel Lemos, Raimundo Teixeira Mendes.
O primeiro templo da humanidade foi construído (ainda existe) no Rio de Janeiro, Rua Benjamim Constant, no Bairro da Glória. Foi inaugurado em 1º de Moisés, de 109, ou melhor, 01 de janeiro de 1897. No altar, uma pintura da humanidade (Clotilde de Vaux), segurando o seu filho, o Futuro - obra de Décio Villares, positivista, é claro. O prédio é tombado pelo Iphan.
Com o apoio financeiro do positivista Otávio Barbosa Carneiro, o lider positivista brasileiro Teixeira, comprou por 85.000 francos o prédio da Rue Payenne (onde teria vivido Clotilde), em Paris, local em que foi instalado a Chapelle de l´Humanité. O templo foi inaugurado no dia 13 de São Paulo de 117, ou melhor, no dia 02 de junho de 1905. Encontra-se tombado como monumento histórico da França, desde 1982.
Segundo os historiadores, os brasileiros compraram o prédio errado. Clotilde, morou no prédio ao lado. 
Informações dão conta que existe um Templo Positivista em Porto Alegre.
Finalizando, Augusto Comte nunca entrou em conflito com a Igreja Católica.

(Trecho quase completo extraído do livro - A história do Brasil nas ruas de Paris.)

"Se você é um positivista sincero, visite Paris pelo menos uma vez durante a sua vida objetiva. Paris não é uma cidade. Paris é a França; Paris é o Ocidente; Paris é a Europa; Paris é a Terra".
Comte e a Igreja Positivista do Brasil.

Viver é Perigoso