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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

PREFEITO DE PRIMEIRA

Do "O Coronel e o Lobisomem" do José Cândido de Carvalho. Cairia bem em Itajubá um tipo de Lulu Bergantim como prefeito. Perto disso já tivemos.

 "No dia da posse, depois dos dobrados da Banda Carlos Gomes e dos versos atirados  pela professora Andrelina Tupinambá, o novo prefeito de Curralzinho, Lulu Bergantim, sacou do paletó na vista de todo mundo, arregaçou as mangas e disse:
— Já falaram, já comeram biscoitinhos de araruta e licor de jenipapo. Agora é trabalhar!
E sem mais aquela, atravessou a sala da posse, ganhou a porta e caiu de enxada nos matos que infestavam a Rua do Cais. O povo, de boca aberta, não lembrava em cem anos de ter acontecido um prefeito desse porte. Cajuca Viana, presidente da Câmara de Vereadores, para não ficar por baixo, pegou também no instrumento e foi concorrer com Lulu Bergantim nos trabalhos de limpeza. Com pouco mais, toda a cidade de Curralzinho estava no pau da enxada. Era um enxadar de possessos! Até a professora Andrelina Tupinambá, de óculos, entrou no serviço de faxina. E assim, de limpeza em limpeza, as ruas de Curralzinho ficaram novinhas em folha, saltando na ponta das pedras. E uma tarde, de brocha na mão, Lulu caiu em trabalho de caiação. Era assobiando "O teu-cabelo-não-nega, mulata, porque-és-mulata-na-cor" que o ilustre sujeito público comandava as brochas de sua jurisdição. Lambuzada de cal, Curralzinho pulava nos sapatos, branquinha mais que asa de anjo. E de melhoria em melhoria, a cidade foi andando na frente dos safanões de Lulu Bergantim. Às vezes, na sacada do casarão da prefeitura, Lulu ameaçava:
— Ou vai ou racha!
E uma noite, trepado no coreto da Praça das Acácias, gritou:
— Agora a gente vai fazer serviço de tatu!
O povo todo, uma picareta só, começou a esburacar ruas e becos de modo a deixar passar encanamento de água. Em um quarto de ano Curralzinho já gozava, como dizia cheio de vírgulas e crases o Sentinela Municipal do "salutar benefício do chamado precioso líquido". Por força de uma proposta de Cazuza Militão, dentista prático e grão-mestre da Loja Maçônica José Bonifácio, fizeram correr o pires da subscrição de modo a montar Lulu Bergantim em forma de estátua, na Praça das Acácias. E andava o bronze no meio do trabalho de fundição quando Lulu Bergantim, de repente, resolveu deixar o ofício de prefeito. Correu todo mundo com pedidos e apelações. O promotor público Belinho Santos fez discurso. E discurso fez, com a faixa de provedor-mor da Santa Casa no peito, o Major Penelão de Aguiar. E Lulu firme:
— Não abro mão! Vou embora para Ponte Nova. Já remeti telegrama avisativo de minha chegada.
Em verdade Lulu Bergantim não foi por conta própria. Vieram buscar Lulu em viagem especial, uma vez que era fugido do Hospício Santa Isabel de Inhangapi de Lavras. Na despedida de Lulu Bergantim pingava tristeza dos olhos e dos telhados de Curralzinho Novo. 
Lulu foi embora embarcado em nunca-mais. Sua estátua ficou no melhor pedestal da Praça das Acácias. Lulu em mangas de camisa, de enxada na mão. Para sempre, Lulu Bergantim."
 
J.C.C

AS PREFERIDAS DO DOUTOR


SOB A LUZ DE VELAS

 
Hoje damos conta do que acontece com todo mundo. Período de bobeira como o ocorrido no Mineirão quando a Alemanha, num instante, enfiou 5 no Brasil. Creio que por aqui podemos estar vivendo momento como esse.
Tomara que passe logo.

Bigodinho

IMAGEM


PROBLEMA DE TODOS

 
Em outros tempos, passou por Itajubá um brilhante especialista em desenvolvimento.
Nos tornamos amigos.
Apresentou uma palestra concorridíssima no Auditório do antigo prédio da Unifei, lá pelos meados dos anos 90. Entre outros aspectos comentou sobre o futuro da internet. Ninguém acreditou em nada.
Risinhos foram ouvidos quando adiantou que em alguns anos o país teria mais de 200 milhões de telefones celulares.
Sorrisos de felicidade apareceram quando ele afirmou que cada emprego gerado na indústria provocaria o surgimento de no mínimo três outros nos setores de comércio e serviços.
Quase deixou o auditório carregado em ombros itajubenses.
Se a recíproca fosse verdadeira (felizmente, no caso, não é), o fechamento de uma fábrica com 500 funcionários provocaria a eliminação de algo próximo de 1.500 outros postos de trabalho em setores diversos.
Complicado.
É mais do que hora de cerrarmos fileiras, independente de credo, posição política e outras preferências para que seja buscada a reversão ou mesmo postergação da decisão da PKC de encerrar suas atividades no município. 
 
ER
 

TRISTE


Itajubá: 490 infinitamente pior do que 7 x 1

Clarin da Boa Vista