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sábado, 15 de novembro de 2014

QUINZE DE NOVEMBRO

 
Dia 15 de novembro. Era bom porque não tinha aula. Melhor ainda porque era a data marcada para a colocação dos enfeites de natal.
Um casarão na Boa Vista, durante muitos anos, destacou-se e "dava corda" na imaginação da meninada.
Família reservada. Pais sérios e jovens filhos bonitos e educados.
Cortinas da sala entreabertas permitiam vislumbrar as pálidas luzinhas na árvore de natal. Uma chaminé no telhado dava indícios da exixtência de uma lareira.
Todas as noites o som suave de uma vitrola trazia para a rua canções natalinas.
Ouvia-se Frank Sinatra, Bing Crosby, Nat King Cole e nos últimos anos, Rita Pavone cantando o doce Bianco Natale.
A vida sonora atenuava sensivelmente após o dia 25 de dezembro, até chegar a tristeza geral no dia 6 de janeiro. Dia de Reis. Dia do desmanche.
Presentes chegavam em belíssimos embrulhos. Nas vésperas, dois carregadores entregavam uma enorme cesta de natal.
Risos, estouro de garrafas de champanhe, aromas de frutas e assados.
Ruídos alegtres e intensos, possivelmente, por ocasião da revelação do amigo secreto.   
Numa tarde de inverno o barco passou por lá e levou um passageiro de cabelos brancos e olhar doce.
A casa ficou em silêncio.
O pessoal mudou ou mudou-se. Natal não teve mais.  

ER

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