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terça-feira, 19 de agosto de 2014

E O BRASIL CONSTROI MAIS UM MITO...

Thor, deus dos Vinkings. Pintura de Mårten Eskil Winge (1872).
Parei tudo que estava fazendo  na hora do almoço de hoje para observar com atenção o discurso que partidos e candidatos a presidente tentariam nos vender no horário político, que estreou hoje. Acho muito interessante observar em ação as técnicas do marketing político, ciência do comportamento que baseia as estratégias eleitorais.
Não me assustou a capitalização da comoção popular sobre a morte de Eduardo Campos, tema unânime a todos.  Para o PT, a presença de Lula  confirmando a ligação com Campos, recém-elevado a santo, foi vital. Para os críticos do governo, nada melhor do que a utilização de um mártir para agregar indignações e insatisfações difusas,  o legítimo desejo de uma vida melhor e a crença de que um ser humano personificaria toda essa mudança.
Está surgindo um mito.  Historicamente, sabemos bem que todos nós gostamos muito deles. Nós os cultivamos para dar sentido às coisas. Eles nos ajudam a nos acomodar no meio em que vivemos e , por meio de generalizações, e de certa forma evitam o pensamento crítico em situações mais confusas. No mito, a palavra de ordem é a condensação de relações, emoções e soluções: de forma que situações complexas se tornam mais palatáveis e digeríveis.
Quem não se lembra do mito do salvador da pátria? O Getúlio Vargas, o pai dos pobres, teve um papel grandioso no imaginário da geração dos meus avós. Mais recentemente, Fernando Collor foi um bom exemplo. Simpaticão e esportista, o caçador de marajás  foi incumbido da missão messiânica de nos salvar a todos em 1989, momento em que o pais emergia de 29 anos de um silêncio emburrecido. O final da história, todos conhecemos.
Naquela época, no início da adolescência, eu já observava essas relações com muita curiosidade. E é devido a essa consciência histórica que não consigo me calar nesse momento. Na verdade, quero acreditar que nós, eleitores, amadurecemos um pouco desde aquela época.  Quero acreditar que, ainda que tentado a cair num raciocínio simplista, o eleitor brasileiro não vai fugir à luta de pensar por si próprio, reagindo a essa tentativa de manipulação. Se, enquanto ser humano, a gente amadurece quando integra  dentro de nós os desejos mais construtivos e outros não tão confessáveis, o caminho não deve ser tão diferente enquanto nação.
 
Helem Sandra Albino, 19/8/14

Um comentário:

Anônimo disse...

o pais emergia de 29 anos de um silêncio emburrecido

Parece que estamos hoje num grito emburrecido.
Alias correr pra onde? Não temos opção e sim obrigação o melhorzinho dos piorzinhos.