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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

DOS RISCOS E DAS INCERTEZAS

É da natureza humana. Provavelmente mesmo antes de ser bípede, já se especulava sobre o futuro. Reconhecer e aceitar a relação entre o ambiente e decisões presentes e as consequências futuras talvez seja uma das principais características da racionalidade.
Seres que especulam sobre o futuro tentam naturalmente reduzir incerteza. Combatem com todas as forças e meios a falta de conhecimento a priori do resultado de uma ação ou do efeito de uma condição. Questão de sobrevivência.
Como o futuro, por natureza é incerto, a melhor estratégia é converter a maior parte possível da incerteza em risco. Ou seja, conhecer a maior quantidade possível de variáveis de uma situação para calcular as probabilidades de cada uma delas acontecerem, e, consequentemente, ter uma medida mais precisa das chances do resultado ser algo bom ou ruim.
Não prevê o futuro, mas pelo menos ajuda a preparar para resultados negativos e, portanto, reduz possíveis prejuízos. O caminho para transformar incerteza em risco é o conhecimento. A ferramenta, a informação.
Em tese, democracias são maquinas de transformar incerteza em risco. Submetem candidatos a escrutínio permanente e inclemente, ao mesmo tempo em que dissemina informações que permitem o conhecimento das variáveis envolvidas. Em tese.
Às vezes, a teoria parece sair dissimuladamente pela janela enquanto se cultua o desconhecido. Nestas situações, curiosamente, o desconhecimento sobre o candidato joga a seu favor. Afinal, rejeição é efeito colateral da experiência ou do conhecimento.
É compreensível e até esperado que às vezes aconteça. A desilusão, a desesperança e a percepção de falta de opções tornam o salto no escuro mais atraente. Não transformam, entretanto, falta de informação (ou sua assimetria) em estratégia de escolha desejável.
Esperar que a falta de informações e a incerteza venham gravidas de boa noticias é desprezar o valor do debate e do conhecimento. É apostar contra as probabilidades. É crer que existe luz na ignorância. É entregar incerteza travestida de ilusão.
 
Elton Simões - Para o Noblat
 
ER

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