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terça-feira, 8 de julho de 2014

METAS PARA DEMOLIÇÃO

 
Ouvido agora há pouco na Feira Livre da Boa Vista:
 
- Ô Cumpadre, hoje me bateu uma preocupação danada.
 
- Que isso mêu ! Copa do Mundo não é guerra. Trata-se de um esporte. Muito cercado por abutres oportunistas, mas é um esporte. Faça como eu para assistir os jogos do Brasil: Tiro o som da TV e coloco um CD de Jazz ou blues. Fica bom.
 
- Cumpadre, não foi isso que me desarticulou.
 
-Desembucha homem !
 
- Acabei de ser informado que viram o Prefeito olhando com os olhos compridos para a Casa do Dr. Wenceslau Braz e também para a Estação Ferroviária. De imediato lembrei-me do Coreto.
 
- Bate na boca homem. A Prefeitura já atingiu as metas de demolição para o este mandato.
 
- Ufa !

ER 

Um comentário:

marcos.caravalho disse...

Zélador,
O Brasil, além de país com palmeiras e gente na praia dizendo adeus (Serafim Ponte Grande), é atacado continuamente pela super bactéria "sic bobus argentum, bolsus manus metemus". Praga deléteria mundial.

Anos 70: dragonas polidas, quepes altaneiros, alamares coloridos e muito poder, programando o Brasil grande facilitou, via créditos a fundo perdido, uma farra de construção nacional de fontes luminosas.

Fontes de águas dançantes eram símbolo decorativo do futuro da nova administração (ver Play Time - Jacques Tati). Amostragem à Oropa, França e Bahia de até onde poderíamos chegar;que se cuidassem...

Para isso, mesmo esquema que você já destrinchou em post anterior: sujeito aparecia na Prefeitura ou Prefeiturinha (caso exemplar: SRC), projeto prontinho "coisa finíssima doutor, toca música enquanto as águas dançam mudando de cor, novidade até no exterior".
Contato em Brasília já engraxado, verba empenhada, tá faltando só uma assinaturazinha sua aqui, seu prefeito. Câmara, como hoje, no cabresto, já domada e orgulhosamente curiboca -- nosso povo, daqui de Barra do Xorroxó vai mostrar só praqueles tabaréus de Boca do Tamboril o que é um progressismo arretado...
Virou uma festa, dinheiro dando pelas canelas.

De repente, a farra das fontes parou.

Simples, entrou em campo, com os mesmos métodos, mesmos intermediários, mesmo blá-blá-blá a última palavra em obra da mudernidade municipal: construção ou reforma de rodoviárias. Sem rodoviária com lanchonete, mictórios novos, relojão no hall, alto faltante moderníssimo, um município qualquer poderia considerar-se um lixo.
Evidente, custos muito maiores que os das decadentes fontes luminosas, agora fora de moda.
A grana tilintava nos becos, nas avenidas e, principalmente nas casas de material de construção e firmas de construção civil; essas, já definidas, claro. Argumento: por que não construir a nova rodoviária, ora bolas!!?? Já tratamos muito mal a jardineira do João Matula, coitado...
E vai que se constrói rodoviárias por todo canto. Muitas pra receber cinco ou seis vezes mais ônibus que aquela linhinha que aportava no Bar do Ponto duas, três vezes por dia.

Caiu de moda construir rodoviárias?? Sem problema, doutor: estamos agora com um novíssimo projeto, que irá redimir nosso imbatível esporte da mixórdia desses campinhos só com um portão, murinho, grama sem grife e alambrado caindo aos pedaços.
Vamos pros estádios "padrão primeiro mundo". E dá-lhe construção de Castelão, Vivaldão, Serra Dourada, Morenão, Mané Garrincha (o antigo), Albertão, Mineirão, Fonte Nova e por aí vai.
Aí, além de subir a pontaria dos alvos, mirando mais acima, a turma do facilitário, que lidava com verbas de três, quatro zeros virou pras de seis, sete.
Festim. Mestres escolados em saques e pilhagens mundo afora, Francis Drake, Villegagon e suas patotas não pegava nem juvenil neste novo esquema...
Conversa chata essa (desculpe). Só queria demonstrar que até na arte do "munus publicus dispersandus" estamos regredindo. Não mais as grandes esbórnias; nossos governantes (??) estão partindo para o paisagismo curiboca: desmanches de coretos (devem ter ficado embascados com a modernidade das novas máquinas arrasa quarteirão), troca de piso de pracinhas, maquiagenzinhas aqui e acolá. Tudo recheado de muita prosa falso-modernista, blá-blá de "melhoria contínua", métodos paisagísticos "dernier cri" (ôpa!!), essa baboseira toda. Enquando isso, potentes Husqvarnas, girando em altíssima rotação, esperam bandeira verde para exterminar oitís, figueiras, flamboyants, sibipirunas e outras de suas irmãzinhas, que nada mais querem exceto dar uma sombra amiga pra nossa preguiça cotidiana na Praça do doutor Teodomiro - esse, coitado, brigou tanto pela cidade e hoje é obrigado a ver, lá de cima, esse mafuá decadente em que vai se transformando a terra de que ele tanto se orgulhava...

Lamentosamente,
Um dos burro bem intencionados