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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

LENDO

 
Fala de uma peça de Somerset Maughan que reconta uma história clássica iraquiana. A narradora é a morte.
 
"Havia em Bagdá um mercador que enviou seu criado ao mercado para comprar mantimentos, e logo em seguida o criado voltou, pálido e trêmulo, e disse: Mestre, agora pouco quando estava no mercado levei um esbarrão de uma mulher na multidão, e quando virei vi que era a Morte que tinha esbarrado em mim. Ela me olhou e fez um gesto de ameaça; ora, me empreste seu cavalo e vou partir para longe desta cidade e evitar minha sina. Vou para Samarra, e lá a Morte não me encontrará. O mercador lhe emprestou seu cavalo, e o criado montou nele, cravou as esporas em seus flancos e foi o mais depressa que que o cavalo podia galopar. Então o mercador foi até o mercado, me viu parada na multidão, veio até mim e disse: Por que você fez um gesto de ameaça para o meu criado quando o viu hoje de manhã ? Não foi um gesto de ameaça, eu disse, foi só um gesto de surpresa. Fiquei desconcertada ao vê-lo em Bagdá, pois eu tinha um encontro marcado com ele hoje à noite em Samarra.

Maughan

Um comentário:

marcos.caravalho disse...

Grande Zelador,
É assim e não pode ser de outro jeito: a "maldita das gentes" encosta-se um pouco mais na nossa zona de cisma um dia desses, daqueles em que a gente sem querer percebe que o velocímetro já está próximo de virar, e dali não sai mais. Pode espernear, pode protestar, pode clamar pela "militância nas ruas" (homenagem a nosso espião nas hostes do PT): não adianta. A cisma fica ali, futucando.
Vida que segue, como dizem nos boulevards e esquinas da Boa Vista...

A propósito: (re)ver O Sétimo Selo, também chamado Det Sjunde Inseglet, o que já é de morte, se me permite a gracinha.
Bergman futuca a bichinha com vara curta. Nós? Bão, nós só vamos entendendo aquilo - e muito mal - depois da terceira ou quarta visita àquela partida de xadrez à beira mar jogada.
Abraço "conosco ninguém pode"