Depois de séculos afastado, ontem fui dar uma caminhada pelo centro da cidade. Na realidade, confesso que fui tentar encontrar com o Dr. Aldo, sentar num banco no meio da praça, sob um solzinho gostoso, e ouvir sua sempre ponderada, tranquila e apaziguadora opinião.
Não foi possível. Soube que ele está curtindo o seu aconchegante apartamento no Quartier Latin, bem próximo à margem esquerda do Sena. Faz muito bem.
Conversei com muitos amigos que há muito não encontrava.
Como não podia deixar de ser, o assunto principal que vem despertando a curiosidade geral, é o caso Siemens/Alstom.
O assunto não é novo. Já foi objeto de denúncias e reportagens na imprensa nacional em 2009. Inexplicavelmente, pelo que sei, as investigações não foram levadas adiante.
Pois bem. Todos sabemos que não existe malfeito que não venha à tona. É questão de tempo. Nesse caso, com certeza, não voltou à mídia pelo interesse do órgão federal (Cade) em defesa da livre concorrência.
Trata-se de guerra política partidária. O PSDB está no poder em São Paulo, desde à época dos bondes circulando pela Brigadeiro Luís Antônio. O PT acuado pelo mensalão e possibilidade da diáspora dos aliados, precisa descolar de si o rótulo de pai e mãe de todas as corrupções.
Lembraram -se do Cade, órgão diretamente ligado ao Secretário eterno da Presidência da República, Gilberto Carvalho e mais diretamente ao Ministro da Justiça, Dr. Cardozo. Ambos, fiéis e valentes oficiais petistas.
Não nos esqueçamos que o governo paulista é o sonho de consumo do petismo.
Por caminhos estranhos e não confiáveis, o Cade tomou a atitude certa: abrir investigações.
Processo sigiloso ? OK. Vazamento seletivo de informações ? Impossível não acontecer.
Blá, blá, blá...
O que acontecerá ?
Formação de cartéis no Brasil, principalmente nos fornecimentos público, sempre foi corriqueiro e usual. Até papelarias de cidades do interior se reúnem em torno de uma mesa para dividir fornecimentos. Na maioria das vezes nem é praticado o superfaturamento. É o preço normal, com uma gordurinha a mais, necessária para dar um agrado para alguém. Entenda-se como agrado, um vinho, uma agenda ou um panetone.
Em outros casos, como temos acompanhado pela imprensa, não praticam agrados. Praticam corrupção. Nesses casos, parte dos valores "cobrados à maior", são (devidamente legalizados ou não) encaminhados como contribuição aos partidos e candidatos para bancar os altíssimos custos de campanhas eleitorais. Logicamente que no decorrer do processo escapem algumas quirerinhas para pessoas físicas. É possível.
O Brasil está mudando e muito. O povo irá exigir todos os esclarecimentos e o fim da impunibilidade.
Trazendo para o varejo. Temos instalada na terrinha a francesa Alstom. A unidade local, pelo que me consta não é fornecedora de equipamentos ferroviários. Mesmo sendo, quero crer que os diretores e gerentes locais não têm nada com isso. São negociações de alta cúpula comercial. Seria bom.
No caso da alemã Siemens, que tinha previsto a instalação de uma unidade na terrinha e desistiu, só temos que observar.
Sim, o Adilson Primo era o Presidente da empresa no período em que aconteceram os fatos. Com certeza se confirmados os fatos que teriam sido admitidos e denunciados pela própria empresa, deveria saber das negociações.
Poderia ser voz discordante ou não. Mas com certeza, face aos números preliminares divulgados, impossível desconhecer.
Aposentado, tranquilo e tecnicamente competente, caso seja mencionado no processo se defenderá com todo o apoio legal.
Para nossa cidade, nesse momento de início de turbulência (deve piorar muito), possivelmente acontecerá muito desgaste, face o inédito e alto cargo que ocupa. Super-Secretário responsável pela administração.
Ficará difícil o seu dia a dia e contatos externos.
Mais previdente seria o seu afastamento, mesmo que temporário e aguardar o desenrolar dos fatos. Melhor para o Adilson e para o Prefeito.
Terminando: Praticamente todos guerreiros, que finda a batalha vieram repousar na terrinha, dentre os quais modestamente ouso a me incluir, já vivenciaram, participaram ou observaram, em grau maior ou menor, a ocorrência desses absurdos.
Não aceitamos, mas entendemos.
ER