Condenados pelo Supremo têm mandato de deputado e, não bastasse, viram membros
da Comissão de Constituição e Justiça.
Um pastor de viés racista e homofóbico assume nada mais, nada menos que a
presidência da Comissão de Direitos Humanos na Câmara.
Um político que saíra da presidência do Senado pela porta dos fundos volta
pela da frente e se instala solenemente na mesma cadeira da qual havia sido
destronado.
O arauto da moralidade no Senado nada mais era do que abridor de portas de um
bicheiro famoso. E o Ministério Público, terror dos corruptos, é ameaçado pelo
Congresso de perder o papel de investigação.
A chefe de gabinete da Presidência em SP usa o cargo e as ligações a seu
bel-prazer, enquanto a ex-braço direito da Casa Civil, afastada por suspeita de
tráfico de influência, monta uma casa bacana para fazer, possivelmente...
tráfico de influência.
Um popular ex-presidente da República viaja em jatos de grandes empreiteiras,
intermediando negócios com ditaduras sangrentas e corruptas.
Um ex-ministro demitido não apenas em um, mas em dois governos, tem voz em
reuniões estratégicas do ex e da atual presidente, que "aceitaram seu pedido de
demissão".
Ministros que foram "faxinados" agora nomeiam novos ministros e até o vice de
um governador tucano vira ministro da presidente petista.
Na principal capital do país, incendeiam-se dentistas, mata-se à toa. Na
cidade maravilhosa, os estupros são uma rotina macabra.
Enquanto isso, os juros voltam a subir, impostos, tarifas e preços de
alimentos estão de amargar. E os serviços continuam péssimos.
É por essas e outras que a irritação popular explode sem líderes, partidos,
organicidade. Graças à internet e à exaustão pelo que está aí.
A primeira batalha foi ganha com o recuo dos governos do PT, do PSDB e do
PMDB no preço das passagens. Mas, claro, a guerra continua.
Eliane Cantanhêde