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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

SOL E PENEIRA


Bloquear a luz do sol é sempre tarefa ingrata. Impossível se o instrumento escolhido for a peneira. Peneiras são porosas por desenho. Inadequadas a impedir a passagem da luz por destino. Mesmo assim, tampar sol com peneira é esporte ou ocupação comum.
Não é difícil entender a motivação. Quando a atmosfera se carrega de elementos que convertem más noticias de probabilidade a certeza estatística, negar a realidade é de uma inutilidade quase sempre irresistível, talvez tida como imprescindível, mas sempre e certamente inútil.
Negar a realidade e buscar lógica, argumentos e dados que corrompam a sua compreensão pode servir para convencimento de terceiros por algum tempo. Talvez mesmo ajude a anestesiar ou disfarçar a percepção. Potencialmente atrasa a reação.
Isso, claro, se de fato uma mentira repetida muitas vezes se torna verdade, ainda que temporária. É responsabilidade de cada cidadão evitar que isto aconteça. Acesso à informação e educação parecem ser os melhores remédios.
Tapar o sol com peneira, tampouco, não parece ser uma boa estratégia de autoconvencimento. Enganar a si próprio nunca foi uma boa política. Fechar os próprios olhos e ouvidos aos avisos que brotam de todas as direções é sinal de surdez seletiva e não de inteligência. 
A negação dos fatos é provavelmente o primeiro passo para o naufrágio. É ali que começa o calvário daqueles que, não podendo encarar as verdades amargas e assumir a responsabilidade, se não pelas suas causas, pelo menos pelas suas soluções, recorrem a negação dos fatos que gritam por atenção.
Em se tratando de autoconvencimento, a repetição da mentira gera apenas a própria ignorância. Serve apenas de parafuso que penetra a popa do barco e ali prende firmemente a lanterna.
Quando os fatos contrariam a percepção, muda-se a percepção e, idealmente, o discurso. É melhor, mais barato e mais produtivo. Parte da cidadania é perdida quando a luz que vaza pelos poros da peneira é distorcida por lentes coloridas, e chega à mente já poluída de intenção.

Elton Simões mora no Canadá. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria) - P/ o Noblat

4 comentários:

Anônimo disse...

Acho legal quando o Zelador usa de maneiras indiretas para dizer coisas diretas. No caso do Super, nada contra a pessoa dele. Pode até ser bem intencionado nesse cargo que ocupa na PMI. Mas, como existe essa nuvem negra sobre a cabeça dele em relação ao passado na Siemens, ele, quer queira, quer não queira, perde a credibilidade! Quando a gente ouve uma entrevista dele na rádio, a gente logo pensa: "olha aí o cara que está enrolado com aquele caso", etc... É como o pessoal tem dito: o certo seria o cara dar um tempo, até que sua inocência seja provada (porque todo mundo é inocente, até prova em contrário). E, se for realmente inocente, depois ele volta até por cima. Só isso. Simples assim. Só não entendo como alguém que antes ganhava quase 200 mil mensais, hoje é secretário numa pacata prefeitura, ganhando infinitamente menos (pelo menos oficialmente), e levando paulada para todo quanto é lado.

Anônimo disse...

Que inocente meu amigo!
Ganhando infinitamente menos? Fala serio!

Anônimo disse...

Vc não viu que eu escrevi "pelo menos oficialmente"??? Ô sabichão, é lógico que ele deve estar ganhando bem!!

Anônimo disse...

O anônimo aí de cima precisa saber interpretar aquilo que lê. Senão, a gente vai ter que desenhar para ele.