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sexta-feira, 8 de março de 2013

VIRGENS JURADAS DA ALBÂNIA

O isolamento foi capaz de esconder um fenômeno ainda hoje desconhecido, que teve origem séculos atrás, no norte da Albânia: mulheres que se comportam como homens. Elas cortam os cabelos, vestem-se como machos e fazem um juramento de virgindade, porque esta é a tradição.
“Eu sou uma virgem jurada”, conta uma delas.
Saímos de Tirana, capital do pequeno país balcânico de 3,5 milhões de habitantes. A caminho do norte, onde vivem as mulheres-homens, a nação islâmica tem mais cor. Nessas montanhas, um dia existiu um código de honra que ainda hoje inspira os moradores do lugar.
Conhecemos Lule em uma igreja. Aos 53 anos, a encanadora está desempregada. Lule diz que no passado as mulheres do campo não tinham nenhum direito. Tornar-se homem era uma tentativa desesperada para sobreviver ou fugir da exploração.
“Para o macho, a vida é mais simples. A mulher tinha que trabalhar em casa e na terra. Os esforços físicos eram feitos pelas mulheres, mais escravas do que seres humanos”, explica Lule.
Elas eram impedidas até de herdar propriedades. Os homens faziam livremente o que queriam, quando desejavam.
A conversão é prevista no Kanun, o código de honra medieval, de ética cristã, que contém as regras criadas pelos camponeses do norte da Albânia. O Kanun reconhece o direito da mulher de proclamar-se homem, de comportar-se socialmente como um homem e de conquistar todos os direitos reservados exclusivamente aos homens. O preço é a renúncia definitiva à maternidade, ao casamento, ao sexo. Uma virgem jurada deve manter uma vida celibatária para sempre.
“Não se pode voltar atrás. No passado, o juramento era feito diante das 12 pessoas mais velhas do povoado. Significava um papel assumido na sociedade, que não podia ser abandonado sem punição. O desprezo seria tão grande que era pior do que morrer”, observa o sociólogo Leke Sokóli.
“Jurei para mim mesma. E é para toda a vida”, garante Lule.
 
Fantástico/Globo

Um comentário:

Anônimo disse...

Que tonteria meu senhor.