O Sr. João Martinez Ripol casado com a Sra. Francisca Martinez
Riera, nascidos em
Barcelona, na Catalunha, vieram para o Brasil em 1895.
Já vieram com os filhos Jayme, Loretto, José e Elvira.
Segundo as conversas de inverno à beira de fogão de lenha, sairam da Espanha em buscas
de novas oportunidades e porque não, para escapar de perseguições
políticas.
Jayme chegou com nove anos e a família fez de
tudo um pouco no caminho de São Paulo para Minas.
Com as crianças crescendo e já ajudando, sairam pelo Sul de Minas
afora. Já moços, José que tinha o dom musical foi para São Paulo, onde
trabalhando e estudando música, chegou a Orquestra Filarmônica de São Paulo. Nas noites de folga
tocava nas orquestras populares da capital paulistana.
Loretto, boa pinta e bom de conversa foi para o
Rio de Janeiro, onde montou uma banca para vender miudezas diversas e por lá
ficou. A jovem Elvira, casou-se com bom homem e foi residir em Cachoeira dos
Ouros. Sobrou o Jayme, teimoso, calado e corretíssimo.
Em 1891, portanto cinco anos mais nova do que o Jayme, nascia em Manciano, no Sul da
Itália, Térça Trédicce, filha do casal
Vitório Trédicce e Ildegonda Santinalli. O casal veio
para o Brasil na mesma ocasião, trazendo também a sua outra filha Sylvia.
O Sr. Vitório era um excelente construtor e no Brasil
se estabeleceu na região de Ouro Fino e Borda da Mata.
Um belo dia se encontraram o espanhol sizudo e a simpática italianinha. Não deu
outra: Casaram-se e foram morar em Pouso Alegre.
A outra irmã de Térça, ou seja, a Sylvia, casou-se para melhor gosto dos seus pais, com um rapaz produtor de vinho de Ouro Fino, o também italiano, Sr.Primo Mainardi.
O casal Jayme e Térça rodou pelo Sul de Minas até se fixarem em Silvestre
Ferraz, atual Carmo
de Minas.
Ali ganharam mais filhos e perderam todos os bens materiais numa
enchente. Viveram de favor em um porão de um casarão e receberam ajuda dos
moradores da cidade, através de uma lista de contribuições.
A família se virava com os filhos vendendo pães, roscas e
bolos produzidos pela mãe, Dna. Térça.
Vendo mais perspectivas em Itajubá, Jayme veio com os dois
filhos mais velhos e começou a montar a Padaria Boa Vista, e em pouco tempo foi
buscar o resto da família.
Estamos falando do final dos anos 20.
O casal teve 9 filhos. Antonio, Luís, Geraldo, Olívia, Mário, José,
Maria, Oswaldo e
Tereza.
Hoje continuam conosco, Oswaldo e Tereza. São muitos netos, muitos bisnetos,
muitos trinetos e
alguns tataranetos.
E o curioso: Temos entre os descendentes muitos médicos,
engenheiros, dentistas, advogados, economistas, professores, publicitários,
jornalistas, farmacêuticos, enfermeiras, comerciantes, etc,
porém, inexplicavelmente, não temos nenhum padeiro.
Digo, padeiro profissional, pois fazer pão quase todos
sabem.
Dna. Térça tomou o barco em novembro de 1958 e o Sr. Jayme a seguiu exatamente um ano
após.
Os imigrantes e os seus filhos nunca tiveram oportunidade de
retornar e conhecer os países de origem. Essa alegria ficou para os que vieram
depois, graças aos esforços dos primeiros.
Na terrinha, sempre moraram na Boa Vista.
Tirando os bisavós João, Francisca, Vitório e Ildegonda, pela graça de
Deus, tive a oportunidade de conviver com todos os mencionados, avós, tios avós
e tios.
O futuro prefeito Rodrigo, é bisneto do Vô Jayme e neto do Tio Mário e Tia Luzia.
É a vida...
ER