Nos anos 50, nada mais agitava a cidade do que a chegada do Gran Circo Garcia. Maravilhosos momento. Chegavam vindo de trem, pela Rede Mineira Viação. Um vagão só para os artistas e mais uns dez, para os materiais e bichos.
Três dias para a montagem, quase sempre na própria Praça da Estação, onde existe hoje a Estação Rodoviária e um jardim. Eram contratada mão de obra local para o trabalho local para a montagem e desmontagem.
Três dias apenas de espetáculos, na sexta, sábado (duas sessões) e domingo (três sessões). Na sexta-feira, dia da estréia, no final da tarde, acontecia um desfile das atrações pelas ruas da cidade, com direito a banda de música, elefantes sujos e leões dorminhocos. Sensacional, com a molecada da cidade correndo atrás.
Curiosidade: A aglomeração maior de meninos acontecia junto a caminhonete (alugada na cidade), que levava as moças, normalmente gordinhas (para os padrões de hoje), com as pernas de fora, cobertas por meias de rede preta. A visão era para os meninos da Boa Vista, a ante-sala do paraíso.
O espetáculo era um espetáculo.
Malabaristas, palhaços, equilibristas, mágicos, trapezistas (numa de suas visitas a terrinha, levaram junto o Ivan, filho do Sr. Poleta. Tornou-se trapezista).
No gran-finale, a apresentação dos trapezistas, seguida do impressionante "Globo da Morte", quando todas as luzes eram apagadas, ficando acesos somente os faróis das motos.
Choros de emoção, gargalhadas, tensão, alívio e muita alegria.
Palhaços e heróis.
Na segunda-feira, terreno vazio, embalagens de sacos de pipoca, papeis de bala, pés de sandálias, lixo e abandono geral. Nada mais triste do que a partida do circo.
Comparando com a segunda-feira após as eleições, era muito pior.
Pelo menos agora sobrevivem as esperanças.
ER