Nenhuma fronteira tenta mais ao contrabando do que a da idade.
Robert de Musil
Antes que me torne um eremita completo, ocuparei este espaço para falar e discutir um pouco, com simplicidade, sobre a vida, com suas alegrias e tristezas. Pode ser que acabe falando comigo mesmo. Neste caso, pelo menos prevalecerá a minha opinião.
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terça-feira, 26 de junho de 2012
PRESTAÇÃO DE CONTA
Projeções feitas pelos especialistas (defronte ao Vadinho), dão conta que o novo prefeito deverá ser eleito com cerca de 20.000 votos.
Consideranto que o voto para prefeito custará R$ 25,00, a campanha custará para o candidato cerca de R$ 500.000,00.
Engana-se quem estimar que candidatos derrotados irão gastar menos. Muitas vezes gastam muito mais.
Da mesma forma, o candidato a vereador, que buscando 1.000 votos, gastará no mínimo R$ 25.000,00.
Seria interessante se os candidatos abrissem um site e prestassem em tempo real, contas de seus gastos, com o valor e a origem dos recursos, bem como o seu destino.
Seria um grande passo para a valorização da classe política.
Mas pensando bem, já estamos querendo demais.
De uma coisa podemos ter certeza: recursos não faltarão para nenhum dos candidatos.
ER
VENTOS DE GUERRA
Três candidatos a Vice já foram escolhidos.
Leonardo (vice do Jorge)
Cristian (vice do Rodrigo)
Zé Luis (vice do Paulino)
Pelo visto, o vice do Chico ainda é segredo.
Dos já escolhidos, todos já foram vereadores (inclusive os titulares).
Como dissse hoje, na Boa Vista, um comerciante amigo: Sem secar ninguém, mas considerando que viver é muito perigoso, confesso que passa um frio pela espinha ao pensar que...(ou aconteça o mesmo que no Paraguai)
Melhor imaginar que tudo caminhará bem.
ER
NÃO A VELOCIDADE
Ouvido hoje na Feira Livre da Boa Vista, na Av. Dr. Rosemburgo Romano:
- Ô cumpadre, ainda não analizei bem a situação no Paraguai, mas só do Hugo Chaves, Evo Morales, Cristina Kirchner e os PTes brasileiros serem contra a decisão do Congesso Paraguaio, já sou totalmente a favor. Apoio a destituição do Lugo.
- Cumpadre, a bem da verdade, o governo brasileiro não foi totalmente contra. A reclamação do Brasil é que foi uma decisão muito rápida. Nós não estamos acostumados com isso. Por exemplo, só o escândalo do mensalão já leva uns oito anos.
- Isso é verdade. E se esse estilo rápido paraguaio pega por aqui ?
- Fique tranquilo. Nunca vai acontecer no nosso País. Aqui está tudo dominado.
- Faz sentido.
ER
VEREADOR DE ITAJUBÁ E O PARAGUAI
Por mais que me esforce, às vezes, não consigo entender o vereador Paulino (PT). Ontem, na reunião ordinária da Câmara Municipal, discursou sobre, como ele chama, o "golpe de estado" no Paraguai.
Lógico, lembrando o que leu sobre os anos 60, criticou o imperialismo ianque.
Verdade.
Penso que algum amigo mais próximo poderia dar um "toque" no professor. Afinal, ele poderá vir a ser nosso prefeito.
Leiam trecho do jornalista paraguaio Chiqui Avalos (integra no 247)
A posição brasileira
Não compreendemos a posição do Brasil. Ou não queremos compreender, tanto é o bem que lhe queremos. Nos arrasou como sicário da Rainha Vitória e nós lhe perdoamos e juntos construímos o colosso de Itaipu. O tratamos bem e ele defende a continuidade de uma das piores fases de nossa história, em nome do quê? Nega-nos o direito à autodeterminação, mas se esquece do papelão ridículo que fez em defesa de um cretino como Zelaya, um corrupto ligado a grupos somozistas de extermínio e que era tão esquerdista como Stroessner e democrático como Pinochet.
Foi deplorável o papel do chanceler Patriota (que não se perca pelo nome), saracoteando pelas ruas de Assunção em desabalada carreira, indo aos partidos Liberal e Colorado pressionar em favor de um presidente que caia. Adentrando o Parlamento ao lado do chanceler de Hugo Chávez, o Sr. Maduro, para ameaçar em benefício de um presidente que o país rejeitava. Indo ao vice-presidente Federico Franco ameaçar-lhe, com imensa desfaçatez, desconhecendo seu papel constitucional e o fato de que ninguém renunciaria a nada apenas por uma ameaça calhorda da Unasul (que não é nada) e outra ameaça não menos calhorda do Mercosul (que não é nada mais que uma ficção). O Barão do Rio Branco arrancou seus bigodes cofiados no túmulo profanado pelo Itamaraty de hoje. O que quer o governo Dilma? Passar pelo mesmo vexame de Lula na paupérrima Honduras? Se afirmativo, já fica sabendo que passará. Nós temos imensa disposição de continuar uma parceria que se relevou positiva e decente para ambos os países. Mas não temos da austera presidente o mesmo terror-medo-pânico que lhe devotam seus auxiliares e ministros. Cara feia não faz história, apenas corrói biografias. Dilma chamou seu embaixador em Assunção e Cristina fez o mesmo. As radicais matronas só não sabiam que: o embaixador brasileiro é um ausente total, vivendo mais tempo em Pindorama do que por aqui. Recorda o ex-embaixador Orlando Carbonar, que foi pego de surpresa em fevereiro de 1989 pelo movimento que derrubou o general Stroessner. Até meus filhos, crianças na época, sabiam que o golpe se avizinhava e que estouraria a qualquer momento, menos o embaixador brasileiro, que descansa no carnaval de Curitiba, sua cidade natal. Voltou às pressas, num jatinho da FAB, para embarcar Stroessner rumo ao Brasil. E a Argentina... Bem, a Argentina não tem embaixador no Paraguay faz alguns meses... Ocupadíssima, Dona Cristina não nomeou seu substituto. País de necrófilos, chamou um fantasma até a Casa Rosada para consultas.
O Paraguay fez o que tinha que fazer. Seguirá adiante, como seguem adiante as Nações, testadas e curtidas pelas crises que retemperam e reforçam os povos. O religioso que não honrou seus votos de castidade e pobreza e traiu sua igreja, foi por ela rejeitado. O presidente que não honrou nossos votos e nos traiu, foi por nós deposto. Deposto por incapaz, por mentiroso, por ineficiente. Mas, principalmente, por que traiu as esperanças de um país e um povo que precisaram dele e nele confiaram e ele os traiu a todos. E, por isso, Lugo não voltará.
Chiqui Avalos é conhecido escritor e jornalista paraguaio. Combateu a ditadura de Stroessner e apoiou a candidatura de Fernando Lugo. É o editor de "Prensa Confidencial", influente boletim digital editado no Paraguai.
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