Pequenos detalhes nos mostram diariamente como o mundo está mudando para pior. Fomos criados assistindo os vaga-lumes, depois do escurecer, a bailar pelos terrenos baldios da Boa Vista. Vez por outra capturávamos um mais lerdão e o esfregávamos nas nossas surradas camisetas de algodão, que mantinham, por um curto período, o brilho roubado.
Hoje, se uma criança deparar um solítário vaga-lume, é capaz, de assustada, correr para os braços dos pais.
Sapos e rãs coaxarem nas beiras de valetas ou lagoas ? Só em desenho animado. Aterraram as valetas e as lagoas.
E os galos cantores ?
Nas proximidades da Igreja São José, provavelmente vivendo os seus últimos dias em um pequeno cercado, vive ainda um velho galo.
O pobre ex-rei do quintal anda completamente desregulado e com certeza desmoralizado pelas possíveis componentes do seu harém.
Canta às 22:00 horas, às 24:00 horas e muitas vezes às 04:00 da manhã. No alvorecer, dorme.
E os cachorros de rua ? Todas as casas tinham um. Não pisavam jamais dentro de casa. Ração ? Háhaha !
A alimentação constituia de sobras de comida, pães velhos e vez por outra, um osso de canela de boi.
Bobos e ingênuos, tinham o hábito de correr latindo atrás de motocicletas (eram poucas) e bicicletas. A braveza não durava mais do que 5 ou 10 metros.
Voltavam logo para cochilar nas entradas dos portões.
Lado bom:
As rolinhas voltaram. Voam às centenas pelo bairro.
ER