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sábado, 1 de dezembro de 2012

PRINCÍPIO DO FIM


Ter doze anos no final dos anos 50 e começo dos 60, não foi moleza.
Coisa para gigantes.
Colégio Itajubá fervendo, com o Padre Mário na direção, Dona Lourdinha na Administração, Neide do Professor Surica na Secretaria. Nas salas de aula, mestres inigualáveis como os Professores Júlio dos Santos, Estácio Tavares, Dr, Olavo, Dona Alcina e Nélio Tenório.
Primeira grande paixão, não correspondida. É lógico, que nem ela e nem ninguém nunca soube. Quase nem ele mesmo, que só veio a identificar anos mais tarde a razão daquela batedeira descontrolada do coração, o rubor inexplicável e momentânea confusão mental que o acometia ao vê-la na hora do recreio.
Sonho Inalcançável.
Ele no primeiro ginasial atrasado (existiam duas turmas. Os adiantados e os atrasados) e ela na quarta série, logicamente adiantada.
Sonhos até acontecer o pesadelo.
Hora do recreio, multidão caminhando pelo pátio e a fatídica bolinha de papel, atirada por não se sabe quem e nem de onde, caiu bem a sua frente. Para fazer bonito para a sua amada que passava por perto, ele pegou-a (a bolinha) de sem-pulo, na veia, atirando-a para uns 20 metros adiante.
Pesadelo ?
No chute, o já gasto sapato vulcabrás (o pai de todos os chulés do mundo) foi junto, deixando ao léu o dedão unhudo aparecendo solitário na meia de nylon preta furada.
Ela viu tudo. E como todos os outros, riu.
O dedão recuou de imediato expontâneamente para dentro do buraco da meia. Tarde demais.
O sapato, sendo atirado de um lado para o outro, custou para voltar.
Foi capturado pelo fiel zelador, Sr. Zé Secreto.
A paixão juvenil morreu ali.
Até entendível as gargalhadas alheias. Mas não o riso incontido dela.
Ele só veio perdoá-la na semana passada num encontro no Café do Vadinho.
Do perdão, ela também não soube.
Registro: A neta parece com ela.
 
ER     

Um comentário:

Anônimo disse...

Vc esqueceu de dizer que o velho coração balançou....e como!