A felicidade não é tão
cara
Nem foi um dia,
Custava apenas o preço justo
De uma meia entrada
de cinema
De uma sessão de domingo
A das quatro da tarde
Do Cine
Presidente,
Anos sessenta e setenta
Regada a música antes dos
filmes
Coisas do tipo “Os pobres de Paris”
Adoçadas pelas balas do seu
Moyses
Repleta de flertes e conversas diversas.
O mundo se encerrava
ali
Mas não começava ali,
Havia a ansiedade da espera.
Foi um pedaço da
vida
De romantismo ingênuo
Doris Day, Jerry Lewis, Quo Vadis…
Roma era
mais perto que o Morro Chic
Estava ali na tela.
O mundo lá fora era
generoso
Os problemas não existiam
Os que existiam eram problemas dos
outros
Depois do cinema o footing na praça
Radio City, picolé de côco
queimado
A menina de vestido branco
De olhos negros tímidos e
marcantes.
A felicidade estava presa ali
Esperando por nós, no próximo
domingo
Triste alegria, o mundo mudou
O Presidente fechou
Os
problemas dos outros agora,
Há muito são nossos.
Paulo Rennó
Dica do Reinaldo Pereira Pinto, que é da família ex-proprietária do cinema que tanta satisfação nos proporcionou na terrinha.
3 comentários:
Só quem viveu essa fase, pode avaliar a profundidade do texto.
Parabéns!
Zezinho, Paulo Rennó é meu irmão. Um engenheiro que descobriu a luz da fotografia e a beleza da poesia.
Célia,
Uma família dotada de muita sensibilidade e arte. E lógico, capacidade para traduzir em palavras e imagens.
Abraço
Zezinho
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