Não ficava ninguém sentado. As bonitas e os estudantes de engenharia já estavam dançando. Com Ray Conniff e "Besame Mucho" iam todos os outros. Feios e as não muito simpáticas. Os apaixonados por amores impossíveis e os desiludidos.
Ali pelo início dos anos 60 aconteciam na Boa Vista e Avenida (não sei se aconteciam em outros lugares. O meu universo se resumia aos dois paraisos), as inesquecíveis brincadeiras dançantes. Eram realizadas nas residencias, normalmente por ocasião do aniversário de alguém. Não se levavam presentes e também, quase sempre, não tinha nada para beber ou comer.
Era só papear e dançar.
Encostavam a mesa em um canto da sala e as cadeiras em outro e vamos embora.
A eletrolinha Sonata esquentava.
Ritmo? Só dava dois prá lá e
dois prá cá.
Das 20:00 ás 23:00 horas. Horários rígidos.
Grandes amores, peito rasgado por ciúmes juvenis, mãos suadas e corações disparados.
Homem
com homem, naquela ocasião, eu nunca vi dançando. Mas mulher com mulher,
já.
Namoros eram iniciados, relações
restabelecidas e promessas descumpridas.
"Tábuas" (recusa a um pedido de dança) eram motivo de comentários por séculos.
O difícil era dançar olhando para as antigas fotografias dos familiares do dono casa, fixadas na parede. Cada cara feia...
ER
2 comentários:
Adorei o texto. Me trouxe lembranças muito agradáveis. Saudades de um tempo onde éramos todos "leves". Abraços.
Nidia,
Um abraço.
Zelador
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