Translate

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

RESSACA CÍVICA

RESSACA CÍVICA, mal estar terrível. Só quem sentiu sabe como é ruim. Milhares de vezes pior do que a chamada RESSACA ESPORTIVA.
Meu pai e meus tios presenciaram (ao vivo) a maior ressaca esportiva que o nosso povo já viveu:
Derrota para o Uruguai no Maracanã, na final da Copa do Mundo de 1950. Segundo eles, já tinham assistido velórios mais animados.
Um pouco menor foi a tristeza que sentimos com a eliminação da seleção brasileira, de Telê Santana, pela Itália, na Copa de 1982 na Espanha.
Participamos ativamente da Campanha "Diretas Já", em 1983/1984.
Movimento nacional que reivindicava o direito de eleição direta para Presidente da República.
Estivemos em muitas passeatas e comícios, inclusive, na maior manifestação pública feita até hoje no país:
O comício do Anhamgabau, no dia 25 de janeiro de 1984.
No dia 25/4/84, o Congresso Nacional jogou no lixo o sonho dos brasileiros.
Chegamos no MENSALÃO. É pouco, comparado com outros episódios da vida nacional, mas extremamente simbólico.
Um julgamento sereno e firme devolveria a todos nós a esperança na justiça. O principio do fim das impunibilidades. A exigência maior do controle dos recursos públicos.
Um basta no cinismo que paira sobre o país.
Ontem, o início do julgamento nos chamou à realidade.
A presença do Ministro Tóffoli, pelos motivos exaustivamente publicados na imprensa, a todos incomoda. Aparentemente, inclusive aos seus pares.
Não conseguimos vê-lo adotando uma posição clara e independente. Aliás, já teria se manifestado em passado recente sobre o assunto. Segundo ele, o mensalão não teria existido.
Marco Aurélio e Lewandowsky, já se manifestaram.
Cezar Peluzo, terá que deixar até o Tribunal até o final do mês, pela obrigatoriedade da aposentadoria.
Sairão todos os acusados incólumes ? Com certeza não. Uma admoestação aqui, uma pequena pena ali.
Como antecipou lá no começo do processo, o filósofo Delúbio Soares:
"No futuro isso ainda irá virar piada de salão".
Enquanto o ex-presidente, que em condições normais deveria estar no "olho do furação", indagado se iria acompanhar o julgamento, declarou com o ar de enfado e arrogância naturais:
"Tenho mais o que fazer".
Desta vez não sofrerei ressaca, muito menos ressaca cívica.
Qualquer acontecimento diferente será apenas uma agradável surpresa.

ER




4 comentários:

Anônimo disse...

Nós não merecemos o desgoverno que se instalou em nosso País e temos a OBRIGAÇÃO de acordar e lutar antes que seja tarde.
'O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons.'
Martin Luther King

Anônimo disse...

Zelador,

Eu torço muito para que tenhamos uma agradável surpresa. Existem muitos Ministros que, de fato, são fiéis a justiça e ao múnus que detém. Outros deles são limpos; porém muito pragmáticos. Por alguns outros eu não colocaria a mão no fogo...
Se me permitir a análise, falo um pouco do que sei de cada um deles e como imagino que será o voto. Talvez seja um pouco pretensioso – na verdade é -, mas com o tempo a gente aprende a conhecer os meandros da capital federal. E, como em uma decisão no futebol, nada mais divertido do que uns palpites!!!
Vamos lá:
1. ROSA MARIA WEBER: é a caçula do Tribunal. É gaúcha e juíza oriunda da justiça trabalhista. Era adorada no TST. É técnica e justa e tem preocupações sociais. Pouco ou nada egocêntrica. VOTO: condenação.
2. CARMEN LÚCIA: É uma mulher forte. Fez carreira como advogada pública, na procuradoria do Estado de Minas Gerais . Muito respeitada no meio jurídico antes mesmo de ir para o STF, já que foi professora da UFMG e produziu vários livros interessantes de Direito Administrativo. VOTO: condenação
3. LUIZ FUX: Também é juiz de carreira; é carioca. Chegou há pouco tempo no STF após anos como Ministro no STJ. Processualista. Bastante pragmático. VOTO: uma incógnita. Acho que pende para a absolvição.
4. DIAS TOFFOLI: Paulista de Marília. Região muito boa! Seu irmão virou prefeito da cidade. Advogado de carreira, parte dela no PT, com especialização em Direito Eleitoral. Foi subsecretário de assuntos jurídicos da Casa Civil na gestão José Dirceu. Com a saída do Zé, permaneceu na Casa durante parte da Gestão Dilma, até que Lula o alçou à AGU. Fez, surpreendentemente, uma das mais combativas gestões da história da instituição, afastando-a da ação política e defendendo uma advocacia de Estado. VOTO: pelas pressões que sofreu, uma incógnita. Como surpreendeu na AGU, também pode surpreender aqui. Acho que pende para a condenação parcial (Salomônica).
5. GILMAR MENDES: Matogrossense radicado em Brasília. Foi Procurador Federal da AGU, Procurador da República, Subsecretário de Negócios Jurídicos da Casa Civil (FHC) e Advogado-Geral da União (FHC). É doutor em Direito Constitucional pela Universidade de Munster (Alemanha). É tão polêmico quanto seu currículo. Extremamente técnico e as vezes muito pragmático. Mas também muito corajoso. Envolve-se em polêmica com Lula às vésperas do julgamento. VOTO: vou arriscar. Pela condenação.

Anônimo disse...

6. AYRES DE BRITTO: O mais humano dos Ministros, quase uma moça (positivamente falando). Meu predileto. Com consciência social e votos inovadores e corajosos. Mestre e Doutor pela PUC/SP. Fez a parte mais relevante da carreira (assim como Toffoli, Carmen e Gilmar)na Advocacia Pública (correspondente à AGU, no âmbito federal, e às Procuradorias Estaduais). Sergipano. Constitucionalista. Vai se aposentar ainda este ano. VOTO: condenação
7. JOAQUIM BARBOSA: Carioca. Fez carreira no Ministério Público Federal. É muito competente, mas me preocupa o fato de ser o relator. O homem se envolveu em polêmicas com quase todos os pares, algumas gravíssimas e desproporcionais: brigou com Gilmar (o caso dos capangas de Mato Grosso), com o Peluso, com Marco Aurélio, com Lewandowski e com Celso de Mello. É visto com certa desconfiança e descrédito, dada sua agressividade pessoal e nos julgamentos. Amigo pessoal de Toffoli. VOTO: condenação
8. MARCO AURÉLIO: O segundo mais antigo da casa. Indicado por Collor de Melo. Juiz de Carreira, foi Ministro do TST antes de ir ao STF. Marido da juíza Sandra de Santis, a mesma que há quase 20 anos desclassificou o crime de homicídio cometido contra o índio Pataxó em Brasília, afastando a competência do Tribunal do Júri. Gosta de um holofote, gosta de falar, gosta de ser do contra, é pragmático e não tem preocupações sociais. VOTO: absolvição, com um fundamento processual qualquer.
9. ENRIQUE LEWANDOWSKI: Paulista. Era Procurador do Município de Campinas (advocacia-pública). Mais tarde tornou-se advogado. Pupilo de Dalmo Dallari, fez carreira como Professor da São Francisco, onde fez mestrado e doutorado. Tornou-se desembargador do TJSP pelo chamado “quinto constitucional”, em uma das vagas de advogado. Extremamente político. Amigo pessoal de Márcio Bastos, que o indicou a Lula. VOTO: absolvição, com fundamentos processuais.
10. PELUSO: Paulista. Juiz de carreira. Ex-presidente do TJSP. Fez uma gestão controversa na presidência do STF. Brigou com Barbosa, enfrentou Eliana Calmon (Corregedora do CNJ), brigou com Dilma pelo aumento dos juízes e permitiu que aquele famoso senador do PA voltasse ao Senado. Contudo, é técnico e tem votos muito duros em Direito Penal. Os advogados de defesa o querem fora do julgamento. Se aposenta no final do mês. VOTO: tenho dúvidas, mas a protelação da defesa, torcendo pela sua saída, parece indicar que vota pela condenação.
11. CELSO DE MELLO: Paulista. É o decano da Corte, indicado por Sarney. Muito discreto. Foi do Ministério Público Paulista, que abandonou – a pedido de Saulo Ramos – para ocupar a pasta de Subsecretário de Negócios Jurídicos da Casa Civil do Governo Sarney e, mais tarde, a Consultoria-Geral da União (hoje, AGU) e então o STF. Brigou com Saulo Ramos, em uma história que pode ser conferida na Biografia de Saulo Ramos “Código da Vida” (excelente, recomendo muito mesmo!) . É técnico e atento à sociedade. VOTO: é a maior incógnita de todos, mas penso que vai pela condenação.


Bom, escrevi demais! Para mim são 4 votos certos pela condenação. São necessários mais 2, que podem ser, principalmente, de Celso de Mello, Peluso ou Gilmar.
Chega de palpite... Espero ter ajudado os leitores de “Viver é perigoso” a entender quem são esses “Deuses do Olimpo” que vão decidir o destino moral de nossa política e, por que não, de nosso país.

Sigamos com fé!

Laissez Faire

Anônimo disse...

Otimo comentario esse de cima.
Só nao concordo com tanta absolvicao.
O placar vai ser apertado.
Abs
Anselmo