Translate

terça-feira, 24 de julho de 2012

JABUTICABA

Recobrando os sentidos na enfermaria da Santa Casa e dando de cara com o olhar preocupado da mãe, Rogério balbuciou:

- Mãe, prometo para a Senhora que nunca mais em minha vida, voltarei a comer jabuticabas.

A velha Senhora sorriu feliz.

Era um bom rapaz. Amoroso, estudioso e outros osos mais.
O único defeito, se é que podia ser tomado como tal, era a perigosa aproximação com a cachacinha. Davam-se muito bem (ele e a branquinha).
Com certeza tinha puxado um pouco pelo querido Tio Olavo. Um pau dágua conhecido por toda São Lourenço.

Naquele sábado abusou. Passou pelo Bar das Flores ali pelas dez da manhã. Um torresminho, um chouriço, uma lasquinha de dobradinha, linguiça pura de carne de porco, tirinha de giló a milanesa e tudo isso entrecortado por generosas doses daquela que matou o padre.

Pelas duas da tarde mandou passar a régua na conta. Afinal, sábado é dia de almoçar com a mãe.

Bendita larica. Ao passar pelo quintal da casa encarou a bela jabuticabeira carregada.
Dez metros de altura e as mais docinhas, ficavam sempre lá no alto pegando direto o sol.
Meio piaco foi escalando, escalando...
De repente escureceu tudo.

Repetiu vagarosamente:
- Mãezinha, juro que nunca mais comerei jabuticaba.

ER 

Nenhum comentário: