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terça-feira, 22 de maio de 2012

O PODER DO ÓDIO

Trecho da coluna do José Roberto de Toledo - O Estado de S.Paulo
Boa dose das decisões políticas é gestada no fígado. Para muitos eleitores, mais grave do que não eleger seu candidato preferido é ver um político que odeia ganhar a eleição. Votam em adversário "menos pior" para evitar mal maior. A decisão sugere pragmatismo, mas é difícil precisar onde termina o raciocínio e começa a racionalização - a justificativa lógica construída após o ato feito. O voto útil nasce pingando bile.
É mais comum do que gostamos de admitir.
Por isso não convém menosprezar o poder do ódio nas eleições. De tão decisivo, tornou-se presença obrigatória nas pesquisas de intenção de voto. Foi revestido de circunstância para soar menos cru. A pergunta clássica nos questionários é: "Em quais destes candidatos você não votaria de jeito nenhum?". A causa subjacente às respostas é ojeriza, repulsa, antipatia, mas pode chamar de rejeição.
É muito difícil um candidato ganhar as graças do eleitorado. Mais difícil do que isso, só livrar-se da bile eleitoral. Uma vez impregnada, não sai nem lavando. A rejeição é persistente como um pernilongo. Podemos não lembrar por que sufragamos este, mas não esquecemos a razão pela qual não votamos naquele. O eleitor amadurece e envelhece abraçado ao seu rancor.

José Roberto de Toledo 

Um comentário:

Humberto disse...

Edson,

Ontem eu também li esse artigo e achei muito interessante. O autor o direcionou para as eleições, os candidatos com alto índice de rejeição, enfim, para a política.

Ele diz " boa dose das decisões políticas é gestada no fígado ", eu diria que, infelizmente, quase todas as nossas decisões tem uma ou mais gota de bile, talvez não carregada de ódio, mas de antipatia fortuita, de preconceito, de inveja, de fofoca etc...

Ele encerra dizendo : " Conquistar o voto depende de competência, o ódio vem por inércia ", não sei se é bem assim, mas vou parafraseá-lo :

Conquistar respeito, amizade, simpatia, amor, depende de atitudes, o contrário vem por inércia.

Humberto.