O lobista Nilton Antônio Monteiro foi preso quinta feira, em Belo Horizonte, acusado de fraudar documentos e assinaturas para tentar extorquir diversos políticos. Monteiro é apontado como um dos autores da chamada lista de Furnas, documento que relacionava 156 políticos de 12 partidos que teriam recebido recursos da empresa para a campanha eleitoral de 2002.
A Polícia Civil mineira também executou mandato de busca e apreensão em sua casa, onde apreendeu diversos documentos que seriam usados nas extorsões e dois computadores.
De acordo com a polícia, ele montava documentos de confissão de dívidas, com as assinaturas das vítimas, para cobrar os valores judicialmente. "Ele forjava os documentos, as assinaturas e depois entrava com processo para que a Justiça legalizasse a extorsão", afirmou o chefe do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp) da Polícia Civil mineira, delegado Márcio Simões Nabak.
A maioria dos processos era referente a dívidas milionárias que ele cobrava por "consultoria" prestada aos políticos e empresários.
Outros documentos semelhantes foram usados para cobrar "dívidas" de alvos como o secretário de Estado de Governo de Minas, Danilo de Castro, no valor de R$ 17,8 milhões; o ex-ministro e atual presidente do diretório mineiro do PSB, Walfrido dos Mares Guia, (R$ 50 mil); o ex-governador e atual deputado federal Eduardo Azeredo, (R$ 650 mil); o ex-secretário de Governo de Minas, Cláudio Mourão, (R$ 1,1 milhão), tesoureiro de campanha de Azeredo; o ex-deputado federal e proprietário do jornal O Tempo Vittorio Medioli (R$ 195 milhões), além de veículos de comunicação e empresários.
De acordo com Nabak, todas as vítimas negaram conhecer Monteiro e afirmaram que nunca tiveram qualquer tipo de negócio com o lobista - apesar dele ter trabalhado em campanhas eleitorais do PSDB mineiro. Segundo o delegado, os documentos de confissão de dívidas foram fraudados possivelmente com a ajuda ou conivência de cartórios de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Mas o imbróglio envolvendo Nilton Monteiro é ainda maior. Ele é testemunha do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser o operador do chamado mensalão.
Estadão