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terça-feira, 13 de setembro de 2011

TOMOU O BARCO

Tomou o barco hoje na Inglaterra, aos 89 anos, o artista britânico Richard Hamilton, considerado o pai da pop art.
A obra mais conhecida de Hamilton é a colagem de 1956 intitulada 'O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes e Tão Atraentes?', considerada o marco do nascimento do movimento da arte pop.
Hamilton produziu uma série de pinturas, desenhos, serigrafias e colagens únicas, tratando de temas como glamour, consumo, produtos e cultura popular. Era muito admirado por outros grandes, com Andy Warhol e Joseph Beuys.
Também se atribui a Hamilton ter cunhado o termo "pop art", em uma nota a alguns arquitetos que analisavam a possibilidade de organizar a exposição "This is tomorrow" ("Este é o amanhã"), de 1956.
Em um texto de 1957, cujas palavras são consideradas proféticas das preferências de Warhol e, mais recentemente, de Damien Hirst, ele escreveu:
"A pop art é popular (desenhada para as massas), transitória (solução de curto prazo), descartável (esquecida facilmente), de baixo custo, produzida em massa, jovem (destinada à juventude), espirituosa, sexy, chamativa, glamorosa, e um grande negócio."

Web



BRISA SUAVE OU IMPRESSÃO ?

Até então, quando ouvíamos o noticiário da Futura FM, dava para reparar um viés crítico, porém natural e equilibrado, à Administração Municipal, em especial, ao Prefeito Jorge. Nos últimos dois dias, com outro apresentador, deu para reparar uma sensível alteração, com justificativas e até elogios ao desempenho do Chefe do Executivo.
Como, pelo que sabemos, na Futura FM os entrevistadores têm liberdade total de posicionamento, pode ser maneiras diferentes de ver o momento vivido pela terrinha.
Na realidade, creio que estamos nos desacostumando de presenciar posicionamentos  diferentes.
Sinal de mudança dos ventos. Na terrinha até o PT trocou o tradicional vermelho pelo rosa.
Isso é bom.

ER   

PHOTOGRAPHIA NA PAREDE


Jacqueline Kennedy


ENQUANTO ISSO NA TERRINHA...

Enquanto isso na terrinha o descalabro sonoro continua correndo solto. Quem pode mais chora menos, quer dizer, escuta menos.
O tal "palácio de cristal" foi tirado do bairro Pinheirinho, pela pressão e força dos seus moradores, incomodados em suas madrugadas.
Na Boa Vista e Avenida, o Alcaide continua absurdamente a conceder alvarás genéricos para o funcionamento de mafuás no Parque de Exposições.
A "grita" geral deverá vir agora dos moradores do bairro Santa Rosa, para onde foi deslocado o tal "palácio de cristal".

Agora leiam o que deu no jornal Estadão de hoje:

"As apresentações dos cantores Justin Bieber e Eric Clapton e da banda Pearl Jam no Estádio do Morumbi, na zona sul de São Paulo, estão ameaçadas. O Ministério Público não quer que a Prefeitura autorize nenhum megashow ali enquanto o espaço não ganhar uma proteção acústica. Segundo o MP, a estrutura é necessária para que o som fique dentro do limite permitido e, assim, não incomode os moradores do entorno. "
A recomendação do MP não equivale a uma decisão judicial. Porém, permite à instituição exigir da Prefeitura o cumprimento das leis. Portanto, se o governo decidir autorizar os shows no estádio apesar da observação, a Promotoria pode entrar com ações na Justiça contra o governo municipal e contra o São Paulo por desrespeitar as leis municipais. "

Pergunto: Por que o MP daqui não age do mesmo modo ? Não existe lei municipal ? E mais: lá se apresentarão o Eric Clapton e Pearl Jam, enquanto aqui...

ER

CANTINHO DA SALA

Torres Garcia
Joaquim Torres Garcia, grande nome da pintura uruguaia. Nasceu em 1874 e tomou o barco em 1949. Foi aberta no sábado, na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, a maior retrospectiva de Torres Garcia no nosso país. São 146 obras entre pinturas, desenhos, aquarelas e esboços de murais.
Torres Garcia está no mesmo nível de Mondrian e Picasso, segundo os críticos de arte. O artista uruguaio trabalhou com o espanhol Gaudí nas obras da Sagrada Família, em Barcelona, entre 1903 e 1904. Conviveu com os grandes mestres na Europa.
Convém lembrar, que em 1978, no grande incêndio ocorrido no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, foram destruídas todas as suas que se encontravam expostas numa retrospectiva.
Teremos que aguardar até dezembro, quando as obras serão expostas na Pinacoteca do Estado, em São Paulo.
Aguardaremos.

ER 

ONDE VOCÊ ESTAVA ?

Fomos bombardeados nos últimos dias por reportagens sobre o 11 de setembro de 2001. Jornais, revistas, rádios e televisões perguntaram para pessoas importantes e não importantes: onde estavam no dia 11 de setembro ?
Tornou-se uma abordagem repetitiva e até mesmo chata.
Hoje, dia 13 de setembro, pergunto para mim mesmo: onde você estava no dia 13 de setembro de 1973, que caiu numa sexta-feira ?
Posso responder de sopetão: Na Igreja Presbiteria do Morro Chic, amarrando os panos.
Começaria tudo outra vez.
Tem sido legal.

ER

ESCUTATÓRIA

Do admirado Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar, ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma".
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro:
"Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma".
Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.
Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.
(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.).
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais.
São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.
Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado".
Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou".
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.
E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

Rubem Alves





MOÇA BONITA

ERRADICAÇÃO DA POBREZA