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domingo, 14 de agosto de 2011

ESTAMOS TODOS ADAPTADOS

Escreveu o André Barcinski na Folha (trecho).

" Dia desses, vi um debate interessante na TV: jornalistas discutiam por que o povo brasileiro, mesmo submetido a um número infinito de escândalos e falcatruas de nossos governantes, não se revoltava.
O consenso foi de que os casos de corrupção e roubalheira eram tantos, que causavam uma certa preguiça no povão. As pessoas simplesmente não conseguiam acompanhar tantas notícias absurdas.
Tenho outra tese. E a minha consegue ser ainda mais pessimista...
Acho que as pessoas não se revoltam porque têm inveja dos corruptos. A maioria, no lugar deles, faria o mesmo. Ou até pior.
Cheguei à conclusão, infelizmente, de que a desonestidade é a cola que segura nossa sociedade. Sem ela, entraríamos em colapso..."

Blog: Escreveu certa vez o grande Millor Fernandes:

"Todo homem tem o seu preço. Ainda não chegaram no meu."

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MÃE

Aqui na terrinha costumamos dizer : Aquele rapaz é uma moça. E vem a ser um tremendo elogio. Dizemos também que esse pai é uma mãe ou essa mãe é um pai. Todos são elogiosos.
Daniel Piza escreveu na sua coluna no Estadão sobre a sua mãe. Simples, direto e muito bonito. deve ter sido uma pessoa maravilhosa  a Sra. Edith. 

"Durante os mais de três anos desde que descobriu que tinha hepatite C, contraída numa transfusão de sangue em 1964, quando a doença nem sequer tinha sido caracterizada, minha mãe jamais se fez de vítima, jamais disse algo remotamente parecido com “que azar o meu” ou amaldiçoou seu destino. Enfrentou tudo como sempre enfrentou tudo na vida: com fibra, resignação, teimosia, sem sentimentalismo ou escapismo. Foi aos médicos, tomou as injeções, passou por três cirurgias. A doença e o tratamento lhe tiraram a mobilidade e ela ficava sentada vendo House e as novelas na TV, lendo jornal, falando horas ao telefone com as amigas e irmãs; mas sua maior alegria era ver os netos, depois dos quais se tornou mais suave e relaxada, e ao menos eles a puderam visitar no quarto nos últimos dias, apesar de sua consciência – antes sempre tão alerta – começar a faltar, sob efeito da encefalopatia e dos remédios.

Edith (com “th”, como a Piaf) morreu aos 72 anos na última segunda-feira, depois de seis semanas de hospital (Santa Catarina, que a tratou com excelência), e deixou no marido, nos quatro filhos homens e nos dez netos uma sensação de ausência previsível, mas para a qual nunca existe “preparo”. Ninguém está preparado para perder uma parte de si, e Edith estava sempre presente. Não fui criado para pensar na mulher como “sexo frágil” porque ela era o oposto disso. Era das melhores alunas do Pasteur e, depois, da História Natural na USP; foi professora de ciências na rede pública, em escolas como Lasar Segall, e mais tarde foi estudar Pedagogia para se tornar diretora; no começo, pagava a maior parte das contas, enquanto meu pai começava na medicina; aposentada, foi ajudá-lo na administração do hospital (Casa Verde). Nunca tinha preguiça e nunca deixou de dividir tudo com ele, parceira fiel.

Tinha temperamento difícil, como seu pai, Alfio Schievano, de quem pegou o gosto por óperas italianas (Puccini, Donizetti), mas tinha inteligência, responsabilidade e caráter raros, era mais orgulhosa que vaidosa – embora tão bonita – e demonstrava muito carinho com sobrinhos e afilhados. Como sua mãe, Antonieta, e suas irmãs, gostava de juntar a família, de aglutinar todos à mesa nas datas festivas ou, como fizemos tantas vezes entre 1975 e 1985, na chácara lotada também de amigos. Nos últimos anos, gostava muito de nos visitar aos domingos, e só me lembro de se queixar da restrição médica ao sal. Ao contrário do sal, como ela dizia, “personalidade é melhor sobrar do que faltar”. Agora, não mais suas almôndegas, não mais suas opiniões, não mais sua força – apenas as memórias e o exemplo que elas vão sempre evocar. Descanse, mãe. E muito obrigado."

Daniel Piza

PHOTOGRAPHIA NA PAREDE

Yoko Ono, John Lennon e Salvador Dali

BORGES EN EL CORAZÓN

Borges tomou o barco em junho de 1986. Portanto, há 25 anos. Registro histórico abaixo, numa entrevista concedida por ele ao jornalista Gay Talese. Foi objeto de um artigo no El País de ontem. Fácil de entender.

Lo que sigue es la reproducción del relato que escribí de mi única entrevista con Borges, que tenía entonces 62 años (y su madre, de 85), que llevamos a cabo en un hotel de Nueva York (creo que era el Algonquin, en la Calle 44 Oeste) y se publicó en The New York Times el 31 de enero de 1962. En aquella época, yo tenía 30 años y era redactor del Times.
Gay Talese

La entrevista no duró más de media hora; he aquí, reproducido, el artículo que escribí en aquella memorable ocasión, en 1962, cuando conocí a Borges y a su inolvidable madre.
Como su padre y su abuelo, su bisabuelo y su tatarabuelo, Jorge Luis Borges se ha quedado poco a poco ciego. Pero hasta la ceguera, dice, tiene ventajas.
"Antes, el mundo exterior interfería demasiado", me decía este intelectual argentino de 62 años ayer en Nueva York. "Ahora, todo el mundo está en mi interior. Y veo mejor, porque puedo ver todas las cosas que sueño. Fue una ceguera gradual, nada trágica", continuó. "Si uno se queda ciego de pronto, el mundo se le hace añicos. Pero si primero pasa por un crepúsculo, el tiempo fluye de manera diferente. No es preciso hacer nada. Uno puede quedarse sentado. Las personas ciegas tienen mucha dulzura. Las sordas, en cambio, no. Las personas sordas son muy impacientes. A veces, la gente se ríe de los sordos. Nadie se ríe de un ciego".
"El jueves", dijo el doctor Borges, "doy una conferencia en... ¿En? ¿Cómo se llama ese sitio?".
"Yale", dijo su madre.
"Eso es, Yale", siguió él. "Voy a hablar sobre William Henry Hudson, un escritor inglés nacido en Argentina. Y el 6 de febrero, estaré en Harvard. El 12 de febrero, en la Universidad de Columbia. Y el 14 de febrero, en Princeton. Hablaré de clásicos argentinos como el magnífico poema Martín Fierro, que trata de un gaucho y fue escrito en 1872 por Hernández. El gaucho es un personaje realista pero poco romántico; también presentaré al otro gran poeta argentino, Lugones, que tradujo a Homero al español".
Durante toda su gira de conferencias, el doctor Borges contará con la ayuda de una memoria extraordinaria, casi absoluta -otra consecuencia de la ceguera-, y de su madre, que, a sus 85 años, parece tan dinámica y se conserva tan bien como una de esas atractivas mujeres de 60 años dadas al narcisismo, algo que no parece ser el caso de la señora Borges. La madre de Borges, como su hijo, pasó la mayor parte de sus años prerrevolucionarios en Buenos Aires luchando contra Juan Perón, y en una ocasión pasó una semana en la cárcel por participar en una manifestación contra él.
"Los escritores sufrieron mucho con el dictador", asegura el doctor Borges, aunque igual de mala era la situación en Argentina hace 30 años, "cuando nos leíamos las obras y nos lavábamos la ropa unos a otros". Pero hoy los escritores han progresado, y en especial él. Es autor de 30 libros de ensayo, poesía y relato, y su primera recopilación traducida al inglés saldrá publicada esta primavera en New Directions, bajo el título Labyrinth.
"No creo que Perón supiera que había literatura en su país", opina el doctor Borges. "Nos puso todos los obstáculos posibles, pero lo que más le importaba, en realidad, era agitar a todo el mundo en contra de Estados Unidos y mandar a la gente a la cárcel".
Aunque el doctor Borges no puede adivinar las consecuencias a largo plazo de la última reunión de la Organización de Estados Americanos en Punta del Este, Uruguay, dice que, "por desgracia", Fidel Castro parece afianzado, y "los comunistas son muy listos".
"Los estadounidenses son siempre unos incomprendidos", añade. "Si dan dinero, la gente piensa que es un soborno. Si no lo dan...", reflexiona, "quizá sea mejor".
La madre del doctor Borges miró su reloj y le recordó que tenían una cita en otro lugar unos minutos después. Me puse de pie, les di la mano a los dos y les agradecí que me hubieran dedicado su tiempo. Volví corriendo al edificio de The New York Times, que estaba a solo dos manzanas, con la esperanza de escribir algo que hiciera justicia al rato que había pasado con aquel extraordinario hombre de letras y su madre. También pensé en lo que había dicho sobre las personas ciegas, sobre todo esta frase inolvidable: "Ahora, todo el mundo está en mi interior... Y veo mejor, porque puedo ver todas las cosas que sueño".

Gay Talese - Publicada no El País




SÓ QUEM NÃO PODE SER ALGEMADO

O homem que furta o feijão para matar a fome do filho pode ser algemado e ter sua foto divulgada.
O Bombeiro que clama por melhores salários pode ser preso, algemado, e ter sua fotografia divulgada.
O professor univesitário que ocupa prédio público por melhores salários pode apanhar da polícia, ser preso, algemado e ter sua foto divulgada.
O médico abarrotado de paciente para atender no pronto socorro público pode ser preso por omissão de socorro, sair algemado e ter sua foto divulgada.
O político crápula e corrupto, que rouba milhões da nação inteira não pode ser algemado, tampouco ter sua foto divulgada, segundo a Excelentíssima Presidenta e seu subordinado, o Excelentíssimo Ministro da "(in)Justiça".
Como diria Raul Seixas: "...pare o mundo que eu quero descer..."

Leonardo Cidreira de Farias (Do Blog do Noblat)









SOB ALGEMAS

MODELO HISTÓRICO

Comentário do Valter Bianchi - De André Araujo

O quadro de um politico sólido bancando com seu capital eleitoral e pela sua exclusiva vontade um sucessor tem longa historia e conhecidas repetições na historia politica brasileira(vide exemplos Lucas N.Garcez/Adhemar de Barros; Quercia/Fleury; Maluf/Pitta; só para citar governos de SP, etc.). No primeiro momento o cargo parece um presente do padrinho para o afilhado. Assim pensam os dois, mas com o desenrolar do mandato, o afilhado começa a achar que recebeu mais onus do que bonus, mais compromissos a acertar do que vida mansa. Percebe tambem que SÓ E POSSIVEL GOVERNAR SE TODOS ACHAREM QUE ELE TEM PODER. Se a maquina administrativa e o Legislativo acharem que quem manda é o patrono politico, o eleito não consegue mandar nem no copeiro do Palacio e a tarefa de governar se torna impossivel. Não é ingratidão e nem traição, é uma realidade concreta. Ou o governante APARENTA E EXERCE PODER ou será desprezado e não vai conseguir comandar a administração. Então o afilhado começa a pensar: toda a responsabilidade é minha, todo risco é meu, mas o padrinho quer ter o poder, quer dizer, vai querer exercer o poder sem riscos e sem onus, isso não é possivel. Observando o quadro atual vê-se que o processo é da natureza das coisas, não é produto de falha de carater do afilhado. Ele precisa ter poder de fato para governar e PRECISA DEMONSTRAR QUE TEM PODER, senão sua vida será uma desgraça. O atual quadro da Presidente Dilma parece seguir esse precedente mas parece o desdobramento desse modelo histórico.

Por André Araujo. Post do Valter Bianchi