Translate

segunda-feira, 25 de julho de 2011

ESSA TAL FELICIDADE


Por Eduardo Araia - No 247

O que a felicidade de um amigo do amigo de seu amigo tem a ver com você? Se a primeira resposta que lhe vem à cabeça é “nada”, vale a pena repensar seus conceitos. Essa pessoa – que pode, inclusive, ser uma completa desconhecida para você – tem, sim, relação consigo: se ela estiver feliz, suas próprias chances de se sentir feliz aumentam 6%.
A porcentagem saiu do cuidadoso e, de muitas maneiras, surpreendente trabalho que o cientista social James Fowler, da Universidade da Califórnia em San Diego, e Nicholas Christakis, professor de sociologia na Escola de Medicina de Harvard, estão fazendo sobre relações sociais e suas consequências sobre áreas como saúde e estados emocionais. Em um de seus mais recentes trabalhos, eles se debruçaram sobre a felicidade e mostraram que ela se dissemina em vários lugares por meio de uma rede social. Segundo os pesquisadores, ela não se limita a transitar de uma pessoa para outra: chega a indivíduos até três graus de separação. Além disso, a felicidade parece ter um efeito maior no bem-estar da pessoa do que o dinheiro – um considerável consolo nestes tempos de economia ainda cambaleante na maior parte do mundo.
Um dos pontos destacados por Fowler e Christakis é que a felicidade adora companhia. As pessoas felizes tendem a se agrupar e, a princípio, pessoas que possuem mais contatos sociais parecem mais felizes. Os autores do estudo ressaltam, porém, que o número total de conexões sociais não chega a ter a importância apresentada pelo número de conexões felizes.
Segundo a pesquisa, a felicidade se dissemina em uma rede social até três graus de separação. Cada pessoa tem 15% mais possibilidade de ser feliz se estiver diretamente conectada a um indivíduo feliz; 10% se é amiga de um amigo que está feliz; e 6% se é amiga de um amigo de um amigo feliz. Na média, cada amigo feliz aumenta em 9% a chance de a própria pessoa ser bafejada pela felicidade.
Fowler e Christakis também flagraram o impacto da infelicidade. De acordo com eles, todo amigo infeliz reduz em 7% a probabilidade de a pessoa se sentir feliz. A infelicidade também se propaga, mas de forma menos intensa.
Os pesquisadores observam que a felicidade individual depende não apenas de quantos amigos a pessoa tem, mas também de quantos amigos seus amigos possuem. Em termos de rede social, isso é denominado “centralidade”. Quanto mais central uma pessoa é – tanto em termos da qualidade como da quantidade de suas conexões –, maiores são as chances de que elas se tornem felizes. (Mas ficar feliz não significa necessariamente ampliar o círculo social, ressaltam os estudiosos.)
O fator distância também foi avaliado por Fowler e Christakis. Segundo os resultados obtidos, um amigo feliz que vive a até 1,6 quilômetro do lar da pessoa aumenta em 25% a probabilidade desta última ficar feliz. Os vizinhos de porta também apresentam influência considerável: se estão felizes, eles ampliam em 34% a probabilidade de a pessoa se sentir feliz.
Entre as diversas implicações práticas do trabalho, Fowler destacou uma: a característica da felicidade como um fenômeno intimamente ligado ao coletivo. De acordo com ele, cabe a nós assumir maior responsabilidade por nossa felicidade, pois ela afeta dezenas de outras pessoas. “A busca da felicidade não é uma meta solitária”, afirmou. Nós somos conectados, e assim é a nossa felicidade.”

Eduardo Araia

ZORBA O GREGO


O cineasta grego-cipriota Michael Cacoyannis, diretor do filme "Zorba, o Grego", morreu nesta segunda-feira em Atenas aos 89 anos, informou a Fundação Cultural que leva seu nome..
Nascido no Chipre, Cacoyannis se tornou conhecido internacionalmente com "Zorba, o Grego", premiado com três Oscar em 1964, uma adaptação do romance do escritor grego Nikos Kazantzakis. O elenco contava com Antony Quinn, Alan Bates, Irene Papa e Lila Kedrova e a música era de Mikis Theodorakis, um dos mais célebres compositores gregos.

Marcante, embora para muita gente, Zorba lembre mais uma marca de cueca.

ER

TÊNIS OU FRESCOBOL ?

Conhecida e sempre atual crônica do especial Rubem Alves

Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol.
O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha.
Certamente você identificou seu relacionamento entre uma destas modalidades esportivas. Os relacionamentos tipo frescobol, cooperativos, são especiais, pois visam um crescimento mútuo. Já nos relacionamentos tipo tênis, os objetivos são de competição e não cooperação. Mal sabe o casal que não existe um que ganha ou um que perde: os dois saem perdendo por construírem um relacionamento com esta base.
A boa notícia é que é possível sim mudar do tênis para o frescobol. O primeiro passo é ambos quererem construir uma nova relação. Talvez não seja, a princípio, tão fácil quanto pegar raquetes e manter a bolinha no ar, mas certamente o esforço será válido. O segredo é não deixar de treinar, e o treino deve ser sempre em dupla! Praticar um pouco por dia pode ser a grande receita para um relacionamento mais feliz!

Rubem Alves



CORREIO SENTIMENTAL