Em uma pequenina cidade do interior a reunião com o secretariado corria célere e produtiva. Repetidas exortações ao grande guia e mestre alcaide, que continuando de posse da palavra ordenou:
- Sr. secretário de obras, quero a imediata construção de 400 acessos para deficientes nos principais passeios públicos da cidade. É uma obra barata e chamará a atenção de todos. Nossa cidade não pode parar. Será o nosso pac.
Timidamente o secretário pedindo desculpas antecipadas pela sua ousadia, murmurou o seu argumento:
- Grande mestre e orientador mor, mil perdões, mas não temos tantos deficientes físicos assim na cidade, que justifique a construção de uma enormidade dessas de acessos.
Com ar de enfado, replicou pacientemente o alcaide:
- Estás perdoado nobre secretário. Sobre o assunto, já meditei e a minha solução é mágica e para ser preciso, cirúrgica.
E prosseguiu após uma pitada no seu baforento cigarro:
- Primeiramente quebraremos os passeios existentes nos locais onde serão construídos os quatrocentos acessos. Teremos o cuidado de deixar nos locais todo o entulho produzido. Em seguida construiremos somente 200 acessos.
Olhares atônitos dos membros da coesa equipe, como indagando: e dai ?
- Concluindo, meus caros, essas ruínas planejadas certamente produzirão lamentavelmente, com o decorrer dos dias, mais deficientes, pois muita gente irá tropeçar, torcer os joelhos e tornozelos.
- No final do ano concluiremos o nosso projeto. Aí sim, teremos um número ideal de utilizadores.
- Aplausos gerais.
Finalizou o sábio condutor de multidões, com uma frase que passará para a história:
- O mercado fazemos nós !
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