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terça-feira, 8 de março de 2011

UM CARNAVAL DIFERENTE

Do engenheiro itajubense da turma IEI de 1966, membro da AIL, Carlos Alberto da Silva, autor de um livro muito especial,  "Um engenheiro na história e nas letras de Itajubá", sobre José Ernani de Lima, engenheiro de 1917. Muito bom de ler e consultar. 

Da janela do quarto andar de um apartamento, eu vi um carnaval diferente. Iniciava-se muito mais cedo do que os desfiles e bailes ricamente ornamentados e longamente mostrados pelas emissoras de TV. Diariamente, às 7 horas da manhã, chegavam todos com suas roupas usuais e as trocavam, em um barraco de madeira, pela fantasia diária. Havia, como em toda escola de samba, as mais diversas alas. A que mais me impressionava era a bateria. Os mais variados instrumentos se distinguiam. A cuíca, com seu conhecido ronco, era sonoramente representada por uma imensa misturadora de concreto manual mantida, constantemente, em rotação por animados ritmistas. Outros movimentavam os chocalhos, pochetes de pregos presos à cintura, enquanto as marteladas imitavam os sons dos bumbos, na marcação do samba, à medida que executavam as fôrmas de madeira. Já o mestre-sala e a porta-estandarte, com suas roupas mais elaboradas, iam e vinham, em toda extensão da pista, com os projetos nas mãos discutindo e esclarecendo cada ponto da obra, que se definia. O sol escaldante, ao contrário dos desfiles formais realizados na amenidade da noite, não arrefecia o entusiasmo daqueles foliões. Não dispensavam, é claro, as constantes buscas às moringas de água sorvida aos enormes goles. Estavam longe de imitar os seus irmãos, nos camarotes VIP′s montados nas avenidas, que se deliciavam com bebidas nacionais e estrangeiras em ambientes climatizados. Mantiveram-se assim durante todos os dias de folia e continuaram, por toda a semana, na execução da obra. Afinal, para estes brasileiros forjados na labuta diária, o carnaval não possui datas estabelecidas. Ele dura o ano inteiro ao som das necessidades da vida e com os passos e movimentos oriundos do aprendizado de longas e árduas jornadas de trabalho.

Carlos Alberto da Silva

CARTAS QUE NÃO RECEBI (EMAIL)

Ubatuba 08/3/2011

Prezado Zelador,

Estou com minha família, inclusive sogra e cunhado passando o carnaval em Ubatuba, que como você sabe, é a cidade (nos feriados) com mais itajubenses no planeta. Chega a rivalizar-se com a base.
Já vim a contra-gosto. Fui convencido pela patroa, que citando o "Dia Internacional da Mulher" me pegou de jeito.
Me sinto isolado do mundo inteligente. Sem internet (estou numa lan-house), TV com blocos da Bahia o dia inteiro enchendo o saco, a sogra tentando me dar lições de moral e por aí a fora.
Está acontecendo um fenômeno interessante que me lembra muito o filme "O mais longo dos dias" que abordou a invasão da Normandia pelos aliados.
É só ameaçar dar uma estiadinha (sempre falsa), e o povão deixa os apartamentos, substituindo o armamento (no caso dos heróicos soldados), por cadeiras desmontáveis, barracas e os indefectíveis isopores. Avançam desembarcando nas praias, puxando a criançada pelos braços, assumindo posições de defesa. A sogra, ainda usando o saudoso maiô catalina, modelo "Marta Rocha" 1954, ficou na retaguarda, temerosa de atravessar a avenida.
Nem bem montamos acampamento e tudo escurece novamente. Volta a chuvinha fria e persistente. Após inútil espera, a tropa recebe ordens de retirada.Todos de volta ao apartamento (alugado).
Recomeçam os jogos de baralho e dominó.
Os "pão de forma" estão acabando. A presuntada no fim e o queijo em fatias grudou todo. Impossível retirar uma fatia só.
A criançada está ranheta e se desentendendo por qualquer motivo.
Aqui não volto mais.
Ontem, quando de uma estiada, fui conhecer a famosa orla oceânica (pé na areia), onde os médicos e professores da cidade, tem as suas famosas "dachas".
Me senti (de ver falar) em Saint Tropez ou algo assim. Beleza ver o bom gosto e o progresso dos nossos conterrâneos.
Vamos embora hoje . Estou esperando, pensando com otimismo, levar umas sete horas na estrada. Isto, se o bravo golzinho não esquentar na subida da serra.
Neste carnaval eu dancei.

Otávio.

ASSUMIRAM O NEGÓCIO

Só pode ter acontecido isso. Todas as previsões do tempo divulgadas na semana passada, davam conta de um carnaval com muito sol e calor, em toda a região sudeste. Os mais pessimista indicaram a possibilidade de chuvas rápidas e fortes, no cair da tarde. Boas para refrescar.
Milhões deixaram suas gaiolas em direção as praias e interior. Aí está: chuvas, chuvas e mais chuvas.
Só pode ter acontecido isso: Os institutos, Ibope, Sensus e Vox-Populi assumiram os estudos e divulgacão sobre o tempo no Brasil.
Como sempre, com margem de erro de 100%.
Estamos fritos, ou melhor, molhados.

ER

PODE ACONTECER

Em Itajubá, como todos sabem, os jornais são semanais. As notícias que rendem manchetes são raras. Denúncias ? Estão sumidas.
Um jornal chegava até as bancas, aos sábados. O outro chegava às quartas. O outro antecipou para sexta à noite e lançou um pequeno para chegar ao público também às quartas. Não deu.
Puxou para terça-feira. Hoje segunda já está nas bancas.
Penso: o outro estrategicamente pode antecipar seu lançamento para às segundas e o outro para não ficar para trás, puxar para domingo.
O outro que não é bobo nem nada, antecipará a sua distribuição para segunda.
Ah, ninguém é trouxa, o outro então sairá na sexta.
Por uma questão de sobrevivência, o outro passará a sair nos sábados.
Basta ! O outro sairá na quinta e não se fala mais nisso.
Para encerrar, o outro sairá na quarta feira e fim de papo.
Todos nós passaremos a comprar os jornais com uma semana de atraso.
Para eles, donos dos jornais, os mesmos sairão com uma semana de antecedência.
Ficará bom para todo mundo.

ER
  

É O CARA !

SÓ UM DIA É POUCO

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.

Pablo Neruda