O primeiro sintoma ocorreu em meados de setembro do anos passado. Disparou a ver o Zé Dirceu como um estadista. Segundo ele, um conterrâneo mineiro que saiu de Passa Quatro para conquistar o mundo.
A família e os amigos assustaram, mas deixaram passar. Poderia ser apenas um de seus esporádicos caprichos. Os mais chegados começaram a se preocupar, quando das proximidades das eleições. Notícias deram conta que, das janelas de sua mansão no Jardim América, clamava em altos brados pela volta da ditadura.
Principiou a recitar o nome de todos os generais de exército, de 1964 até o governo Figueiredo. Caprichava no tom de voz quando chegava a vez do general Médici.
Nada de febre, nada de dores e continuava com o seu apetite cavalar, seguindo firme o seu lema de toda a vida:
"O que vier eu traço. Não sou homem de luxinhos"
Pensaram que uns dias de férias viriam a calhar.
Em dezembro descobriu encantos (inclusive beleza física) na presidente eleita. Os conhecidos entraram em pré-pânico.
Começou a fazer carreatas sozinho. Ao cruzar com amigos berrava, cerrando os punhos:
- Cambada, agora vai!
Sensivelmente preocupada a família provocou um cruzeiro pela costa. Lazer, coisas novas, comida boa, muito sol, muito axé e tudo voltará ao normal.
Quinze dias flanando no nordeste. Sem notícias.
Voltou na semana passada. Em principio tudo bem. Calmo, alegre e muito prosa.
Até acontecer o incidente visual.
No último domingo, saiu de casa de carro com o intuito de comprar a revista "Caras" na banca de jornais da Estação Rodoviária.
Após a compra, ao retornar para o veículo que ficara ligado, seus olhos se chocaram com o sol inclemente e o prédio recem-pintado do Museu da Cidade.
A reviravolta cerebral foi violenta.
Disparou a telefonar para os amigos comparando a Estação Ferroviária reformada, com a Capela Sistina ou algo próximo.
Conclusão imediata: recaída das brabas.
Na sequência, "caiu de quatro", quando viu a calçada para caminhantes gordinhos na Av. BPS.
Dizia ele: Essa obra se compara a Ponte Rio-Niteroi ou mesmo a Catedral de Brasília.
Ontem assistiu o filme "Lula o Filho do Brasil".
Hoje está desde cedo esperando pelo omelete da Dilma na Ana Maria Braga.
Ontem assistiu o filme "Lula o Filho do Brasil".
Hoje está desde cedo esperando pelo omelete da Dilma na Ana Maria Braga.
Outro dia encontrei-o caminhando pelo calçadão (não me cumprimentou) balbuciando : o bigode é um gênio, o bigode é um gênio, o bigode é um gênio...
Só tem uma explicação: Deve estar caminhando para ser Avô.
Em tempo: as visitas estão suspensas.
ER