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domingo, 25 de dezembro de 2011

ASSUNTO POUCO SÉRIO

Trecho do editorial do "O Globo"

... Não é nenhum segredo que a educação é um item que pode levar um país ao sucesso ou ao fracasso, dependendo de como ele encare este assunto.
A China de hoje testemunha uma dedicação quase obsessiva a essa problemática. A China quer compensar um passado mais do que confuso — períodos como o da Revolução Cultural, em que um homem de estudos tornava-se, por isso mesmo, suspeito de ser um “inimigo do povo”.
No Brasil, as tragédias modernas são menos escandalosas. Mas as nossas tradições de sociedade escravista já deveriam bastar para impor ao país um ritmo obstinado na recuperação de carências educacionais.
Não é o que se vê. A prática corrente é tratar a educação como se fosse questão sem nenhuma urgência. Um exame rápido do Brasil moderno mostra a pouca seriedade com que se encara, por exemplo, a função de ministro da Educação. O cargo tem servido como moeda de troca para arranjos políticos. Não por acaso, os ministros vão e vêm, sem maiores consequências.
Olhando um pouco para trás, chama a atenção como um monumento raro a presença de Gustavo Capanema na pasta da Educação — presença que durou por todo o primeiro ciclo getulista. Depois disso, tudo parece andar ao sabor dos acontecimentos.
Verdade que Clóvis Salgado, no período juscelinista, foi ministro de 1956 a 1959. Já Darcy Ribeiro foi ministro por um ano. Eduardo Portella, no período dos militares, por um ano. Mais duráveis foram Ney Braga (74 a 78) e Jarbas Passarinho (69 a 74). Não consta que fossem sumidade na matéria.
José Goldemberg, que entendia do assunto, durou um ano. Veio, depois, o longo período de Paulo Renato, com Fernando Henrique (1995 a 2002). E, talvez por causa disso, alcançaram-se objetivos como a quase universalização do ensino básico.
Universalização que não significou qualificação. Nesse terreno, faltava quase tudo. E o ministro que agora sai — Fernando Haddad — teve seis anos para trabalhar a questão. O que aconteceu? Gastaram-se seis anos discutindo assuntos de universidade, e a crise do ensino básico ficou intocada...

O Globo



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