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terça-feira, 1 de novembro de 2011

RESILIÊNCIA

De Ana Lúcia Lima

A origem da palavra resiliência, vem do latim “resiliente ”que significa voltar ao estado natural. Já o conceito de resiliência, advém da física, e significa a capacidade que um material possui de voltar ao seu estado normal depois de sofrer alta tensão.
A psicologia tomou o termo emprestado da física, porém dando uma amplitude maior ao conceito, em termos humanos este conceito, não é assim tão simplista, já que em oposição ao conceito oriundo da física, não pode ser visto como sinônimo de resistência, não significa voltar ao mesmo estado, e sim transformar-se, crescer mediante a capacidade de enfrentar situações consideradas estressantes.
Para inferirmos que alguém possua a capacidade de resiliência, é necessário que não somente sobreviva as adversidades, mas que aprenda com o sofrimento, tomando este a seu favor como um fator para o desenvolvimento pessoal.
É fato que é em meio às crises que se criam as oportunidades. Podemos dizer que é justamente em meio às adversidades que o ser humano se recria, se reinventa e revela potencialidades até então desconhecidas. Podemos dizer que uma pessoa resiliente encara as adversidades sobre outro prisma, como desafios, conseguindo retornar ao seu estado de saúde e espírito anterior a crise.
“Resiliência é a capacidade potencial de um ser humano sair ferido, porém fortalecido de uma experiência aniquiladora.”.
Podemos dizer que resiliência não é uma característica que nasce com o sujeito, mas sim, um processo dinâmico construído a partir da interação do sujeito com o meio. É uma interação entre os processos sociais, intrapsíquicos, os fatores de risco e proteção. Talvez isso explique o fato de que embora possuam trajetórias de vida semelhantes, diferem no fato de que algumas pessoas superam as adversidades e outras sucumbem a elas. A resiliência não é um traço pessoal, mas sim desenvolvimental oriundo da relação do indivíduo com o meio. Neste sentido, podemos dizer que é possível promover resiliência.
Resiliência não é sinônimo de adaptação, no sentido de conformismo, é preciso adaptar-se encarando a realidade, porém agindo de modo a tentar tirar proveito da situação aprendendo com ela. O indivíduo, ao invés de se paralisar perante a situação estressante, consegue superar e se transformar internamente, a própria adversidade conduz o indivíduo a situações criativas, é a crise gerando oportunidades.
“É necessário ter o caos cá dentro, para gerar uma estrela”. (Nietzsche)
Segundo o psiquiatra britânico Rutter, um dos pioneiros no estudo da reiliência, as pessoas podem ser resilientes em relação a algumas experiências, porém não resilientes em relação a outras. Pesquisas têm demonstrado que indivíduos resilientes apresentam determinadas características, tais como: capacidade para ter projetos, bom humor, senso de auto-eficácia, autocontrole, auto-estima, pensamento crítico, criatividade, perseverança, entre outras.
Segundo Jacques Lecomte, para as pessoas que sofreram diversas adversidades, é imprescindível para a reconstrução interior dois elementos: elo e sentido. Segundo este autor, elo é o elemento humano, os membros da família, amigos e profissionais. E o sentido é essa busca de entendimento do que lhes ocorre.
Buscando entender o que lhes acontece, ou tentando transformar seu sofrimento em algo útil para si ou para os outros, é que o sujeito encontra um sentido para continuar vivendo. Podemos ver isto, nos casos de pais que ao perderem seus filhos vítimas de violência, criam ONGS para lutar e tentar ajudar outros familiares vítimas da mesma adversidade.

Ana Lúcia Lima  (Blog: terapiaesaude.blogspot.com)






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