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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

MINHAS IDÉIAS, MEUS ANSEIOS, MEU JULGAMENTO


Foto premiada no passado

Joseph Pulitzer, alemão de origem que fez história nos Estados Unidos no final do século 19 com seu jornal World.
Foi Pulitzer quem rompeu com a tradição de publicar as notícias na ordem cronológica. Ele estabeleceu a hierarquia no noticiário. Estava inventada a manchete, assim, bem como a primeira página. Era um jornalista brilhante, ambicioso, e inevitavelmente acabou tendo seu próprio jornal. Sua lógica como empreendedor no jornalismo era irretocável:
“Circulação significa anúncio, anúncio significa dinheiro, dinheiro significa independência.”
Essa independência não era estendida para os jornalistas que trabalhavam para ele. Pulitzer disse a um deles: “Acima de tudo, você é pago para veicular minhas ideias, meus anseios, meu julgamento.”
 Se aquele funcionário fosse talentoso como ele próprio, Pulitzer lembrou, já teria “seu próprio jornal”. Nunca um barão da imprensa foi tão claro, como Pulitzer, em relação a quem manda na redação.
Sua visão de jornalismo é ainda hoje perfeita. “Para se tornar influente, um jornal tem que ter convicções, tem que algumas vezes corajosamente ir contra a opinião do público do qual ele depende”, afirmou.
Era um idealista, um liberal, um homem quase de esquerda. “Acima do conhecimento, acima das notícias, acima da inteligência, o coração e a alma do jornal reside em sua coragem, em sua integridade, sua humanidade, sua simpatia pelos oprimidos, sua independência, sua devoção ao bem estar público, sua ansiedade em servir à sociedade”, escreveu.
Tinha uma frase que me me tem sido particularmente cara na carreira:
“Jornalista não tem amigo.”
Como a “Deusa Cega da Justiça”, afirmava Pulitzer, ele ficava ao largo das inevitáveis influências que amizades com poderosos trazem. “O World, por isso, é absolutamente imparcial e independente.”
Seu catálogo de inovações inclui a fundação de uma escola de jornalismo na Universidade de Colúmbia, na qual o principal ensinamento deveria ser “ética”, e a criação de um prêmio jornalístico que se tornaria o mais importante do mundo, e que hoje conserva vivo o sobrenome do seu mentor.
Não bastasse tudo, Pulitzer inventou indiretamente ainda o formato dos tablóides.
Ele só não conseguiu uma coisa: ser feliz. Foi essencialmente um gênio atormentado. 
Se você quer aprender a viver, esqueça Pulitzer. Mas se quer aprender jornalismo estude-o com profundidade.

Paulo Nogueira

Blog: Pulitzer entregou em 1903 a quantia de um milhão de dólares destinada à criação de uma Escola de Jornalismo. Os prêmios Pulitzer (administrado pela Universidade de Colúmbia) têm  sido entregue desde 1917, e têm como objetivo distinguir anualmente personalidades de diferentes áreas do jornalismo e da literatura que se destacaram ao longo do ano pelo seu trabalho.
Os prêmios são anuais e divididos em 21 categorias. Em vinte delas, os vencedores recebem um prêmio de dez mil dólares em dinheiro e um certificado. O vencedor na categoria Serviço público de Jornalismo ganha uma medalha de ouro; o prêmio de Serviço Público é sempre dado a um jornal, não a um indivíduo, mesmo que um indivíduo seja citado.
Apenas matérias e fotografias publicadas por jornais nos Estados Unidos são elegíveis pelo prêmio de jornalismo.

ER

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